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Conquista: Câmara Homenageia Mulheres Com Diploma Loreta Valadares

Por CMVC

Instituído pelo projeto de resolução, nº 41/2005, o Diploma Mulher Cidadã Loreta Valadares homenageia mulheres que se destacam na defesa dos direitos da mulher em Vitória da Conquista. Numa sessão solene, nesta sexta, 9, a Câmara Municipal realizou mais uma edição do prêmio, na qual seis mulheres foram homenageadas com o diploma.

Compuseram a mesa da solenidade o presidente da casa, Hermínio Oliveira (PPS), a vice-prefeita e secretária de Desenvolvimento Social, Irma Lemos, as vereadoras Nildma Ribeiro (PCdoB), Lúcia Rocha (DEM) e Viviane Sampaio (PT), a diretora da escola Monteiro Lobato, Maristela Rocha Borges, a professora e mestre em Educação, Lídia Nunes Cunha, a advogada e diretora da União de Mulheres, Luciana Santos Silva, e a presidente do Conselho Municipal da Mulher, Arlene Ribeiro.

Da luta contra a Ditadura à militância pelos direitos humanos – Loreta Valadares foi militante do movimento estudantil, nos anos 1960, e participou da luta contra a ditadura militar. Sequelas da prisão e da tortura comprometeram profundamente sua saúde, mas não a impediram de prosseguir na militância. Na década de 1970, parte para o exílio e só retorna ao Brasil em 1980, quando se torna professora de ciência política na Universidade Federal da Bahia, assim permanecendo até se aposentar, anos depois. Ao falecer deixou como resultado de sua trajetória – além do testemunho de vida, uma enorme contribuição ao movimento de mulheres e de luta para a conquista e garantia dos direitos humanos no país.  Loreta faleceu aos 61 anos, em 2004, na Bahia.

Lideranças destacam luta das mulheres – A vereadora Viviane Sampaio (PT) disse ser um prazer poder promover na Câmara Municipal a homenagem a mulheres que se destacam na cidade na defesa dos direitos e igualdade de gênero. “O Dia Internacional da Mulher é um momento de luta, resistência. Temos que reafirmar as garantias de nossos direitos”, disse ela, lamentando a desigualdade de gênero e as violências em suas variadas formas que ainda vitimam as mulheres.

Ainda em seu pronunciamento, a parlamentar informou que apresentou à Casa, em parceria com a vereadora Nildma Ribeiro (PCdoB), um Projeto de Lei que tipifica a violência obstétrica no município. “Violência muito velada, subnotificada, que acontece principalmente nos ambientes hospitalares. Muitas vezes essa violência parte desde a entrada na unidade de saúde”, disse ela.

A vereadora Lúcia Rocha (DEM) refletiu sobre o número de mulheres nos espaços políticos. “No plenário desta Casa Legislativa, dentre os 21 vereadores temos apenas três mulheres. (…) Somente pela segunda vez, em 177 anos de emancipação política de Conquista, temos uma mulher vice-prefeita”, pontuou. Segundo Lúcia, no Brasil, apenas 14% dos cargos de vereadores são ocupados por mulheres. Na oportunidade, a vereadora propôs a criação de uma frente parlamentar de prevenção e defesa da mulher vítima de violência, “para que juntas, possamos ter ainda mais força na luta pelos nossos direitos”, justificou.

A vice-prefeita e atual Secretária de Desenvolvimento Social, Irma Lemos, defendeu mais espaço para as mulheres em todos os âmbitos da sociedade, sobretudo na política. Irma, que já foi vereadora, destacou: “Sabemos que nós somos maioria. Mas quando chegamos nessa Casa, somos minoria”. Ela relatou sua trajetória de vida, veio da zona rural e enfrentou dificuldades variadas para se estabelecer como empresária e política. Para ela, aumentar a representação da mulher na política é um desafio que deve ser enfrentado, sobretudo nesse ano eleitoral.

A vereadora Nildma Ribeiro (PCdoB) destacou que, em todo o Brasil, o dia 8 de Março foi marcado por mobilizações de movimentos feministas. “Mulheres estiveram na rua lutando por mais direito e contra qualquer forma de discriminação”, contou. “Os movimentos pedem mais espaço, mais democracia, e são contra as reformas previdenciária e trabalhista que tirarão ainda mais os direitos das mulheres”, completou. “Viva a luta feminista e emancipatória”, finalizou.

A professora e Mestre em Educação, Lídia Nunes, falou sobre a diversidade do movimento e luta feministas. Representando o movimento de mulheres negras, Lídia trouxe o questionamento: “Será que o crescimento de Conquista vem alterando também a vida da mulheres e famílias negras?”. Ela pontua que as mulheres negras continuam chorando a morte dos seus filhos, e sendo as principais vítimas de violência física e fatal. A educadora falou também sobre a ameaça da reforma trabalhista e acredita que apenas o movimento social poderá impedir o retrocesso. “Só a nossa organização de luta pode alterar a tenebrosa opressão que a reforma trabalhista deixará na vida das mulheres negras”, afirmou.

Uma das homenageadas, a diretora da Escola Monteiro Lobato, Maristela Borges, agradeceu à Câmara Municipal pela honraria que marca a passagem de um dia tão significativo para a sociedade, pelas reflexões que ele nos traz. “Sinto-me honrada por ser homenageada nesta data tão significativa em nossa sociedade”, disse Borges.

A presidente do Conselho Municipal da Mulher, Arlene Ribeiro, lamentou que a violência contra a mulher continue avançando em Conquista. “É um momento de tristeza por ver os índices de violência cada vez crescendo mais”, disse ela, destacando que, atualmente, em Conquista, 3.762 processos de pedido de medida protetiva para mulheres estão tramitando. Ela apontou ainda que o Conselho da Mulher ainda não tem uma estrutura para atender às mulheres em Conquista. “Precisamos do poder público para que nos auxilie. Não temos quase nada. Precisamos ter, no mínimo uma sede decente para que a gente possa atender às mulheres”, disse ela.

A advogada e diretora da União de Mulheres, Luciana Santos Silva, afirmou que o dia oito de março não é só de comemorações. É também de reivindicações. “Porque ainda não conquistamos uma sociedade igualitária”, disse. Ela advertiu que as conquistas das mulheres não foram “dadas”, são resultados da luta dos movimentos feministas. Ela defendeu que os movimentos de reivindicações devem continuar porque o machismo continua articulada como cultura dominante. Ela lamentou que ainda ocorra desqualificação do movimento. “Nós queremos ser respeitadas nas nossas diferenças”, falou.

Vereadores se posicionam em favor das mulheres 

O vereador Luís Carlos Dudé (PTB), Líder do Prefeito, afirmou que todos os dias do ano devem ser reflexão e reconhecimento dos direitos da mulher. Ele defendeu uma participação igualitária da mulher na política e em outros espaços da vida social. Dudé frisou que a quota de 30% destinada a candidaturas de mulheres deve ser aumentada para 50%. O parlamentar afirmou que é preciso avançar no debate para ações efetivas que garantam oportunidades de igualdade para as mulheres.

O vereador Fernando Jacaré (PT) destacou que o Dia Internacional da Mulher pede uma reflexão sobre a inversão de valores que estamos vivenciando com o machismo avançando. “Estamos regredindo a uma cultura do ódio, onde as minorias estão sendo massacradas”, disse o parlamentar, que defendeu maiores avanços nas políticas públicas voltadas para as mulheres.

O vereador Danillo Kiribamba (PCdoB) parabenizou as mulheres pelo 8 de março e informou que, recentemente, esteve com a secretária de Políticas para as Mulheres (SPM), Julieta Palmeira. Ele e a colega Nildma Ribeiro (PCdoB) discutiram ações para o segmento e Kiribamba ainda aderiu à Campanha “Eles por Elas”, esforço global para envolver homens e meninos na remoção das barreiras sociais e culturais que impedem as mulheres de atingir seu potencial, e ajudar homens e mulheres a modelarem juntos uma nova sociedade.

Em sua fala, Gilmar Ferraz (PMDB) homenageou Dona Iraci Rocha, presidente da Associação de Agricultores Familiares Remanescentes de Quilombo de Corta Lote, pelo trabalho em defesa da mulher rural e quilombola. Na oportunidade, ele saudou também Sheila Andrade pelo seu trabalho à frente da Câmara de Dirigentes Lojista (CDL).

O vereador Coriolano Moraes (PT) acredita que um dos grandes desafios da sociedade do século XXI é a luta pelo fim da violência e da discriminação contra a mulher.  Ele aponta que o machismo é fruto de algo errado na educação e na mídia que transforma as mulheres em objetos. “Precisamos rever nossos conceitos”, pediu.  “É preciso construir uma sociedade na linha de direito e participação das mulheres em todos os espaços”, defendeu.

O vereador Osmário Lacerda (PMDB) apontou que a Bíblia aponta que a mulher deve se doar para a sua família através do seu trabalho, onde quer que ela atue. “Tenho certeza de que ao lado de um grande homem sempre há uma grande mulher”, disse.

Já o vereador Luciano Gomes (PR) destacou que as mulheres alcançaram muitas conquistas, mas ainda existe um caminho de novas demandas. Ele afirmou que o homens e mulheres precisam caminhar juntos na construção de uma sociedade em que as mulheres sejam reconhecidas e valorizadas.

Homenagens Titulo Mulher Cidadã Loreta Valadares

Durante a sessão, foram homenageadas Kêu Souza, militante do movimento negro e feminista, a Capitã Lorena da Silva Santos, a subtenente Vânia da Cruz Silva, Iraci Sena Rocha Ramos, Elza Ferreira Mendes e a pesquisadora e militante feminista, Ivana Patrícia.

Kêu Souza (Klêicia Souza da Silva), indicada ao prêmio pela Marcha Mundial das Mulheres, ao receber o Diploma disse estar muito feliz pelo reconhecimento. “Estou muito feliz neste momento. Inevitavelmente eu me lembro de pessoas que estiveram comigo. Quero dedicar ao Fórum de Mulheres, ao Conselho da Mulher, e dizer que esse lugar é nosso. Estou aqui representando todas as mulheres negras. Esse lugar é nosso por direito”, disse ela.

A Capitã Lorena da Silva, responsável pela elaboração e execução de projetos como “Garota Comunidade BCS”, “Patrulha Comunitária, entre outros projetos em defesa das mulheres vítimas de violência e situações de vulnerabilidade social, agradeceu pelo prêmio e por estar representando todas as policiais femininas que acreditam no poder da transformação social através do seu trabalho. “A comunidade conquistense merece o nosso melhor. Nosso trabalho é servir a comunidade”, afirmou.

A subtenente Vânia agradeceu a homenagem. Ela frisou que são muitas as mulheres guerreiras do município, o que a deixa emocionada por ter sido uma das escolhidas para receber o Loreta Valadares 2018. Vânia agradeceu o apoio da Polícia Militar e o espaço para que possa atuar. Ela frisou que os policiais militares são peças importantes na sociedade e podem ajudar a construir um mundo melhor.

Iraci Ramos, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Corta Lote, indicada para receber o diploma pelo vereador Gilmar Ferraz (MDB), agradeceu pelo reconhecimento. “Isso aqui é uma dádiva. Diante de tudo isso eu só tenho a agradecer ao Senhor Deus por tudo. Tudo isso eu devo também a cada um que me escolheu como presidente do sindicato”, disse ela.

A assistente social Elza Ferreira Mendes parabenizou a comissão organizadora da solenidade, e em especial a vereadora Viviane Sampaio(PT). Para Elza, o dia 8 de março é um momento para refletir o que já foi feito e o que ainda é preciso conquistar com a luta feminista. “Precisamos lutar para que as nossas conquistas sejam asseguradas, para chegar em uma sociedade com igualdade de gênero justa e igualitária”, disse.

Ivana Patrícia agradeceu a homenagem, especialmente por levar o nome Loreta Valadares, “uma mulher aguerrida, uma mulher de luta, que deu a sua vida em prol de uma melhor condição pra nós mulheres”. Ela ainda agradeceu à União de Mulheres. “Sou muita grata a esse espaço. Espaço de acolhimento. Espaço de afeto. E espaço que me mostrou, na prática, o sentido da palavra sonoridade”, falou. Ivana agradeceu, emocionada, à família, especialmente à avó, campesina que sofreu violência doméstica, e ao pai. “Eu represento o movimento de muitas mulheres”, detalhou. A militante feminista finalizou com uma frase da feminista negra, Audre Lorde. “Não serei livre enquanto alguma mulher for prisioneira, mesmo que as correntes dela sejam diferentes das minhas”.

Além do Diploma Loreta Valadares, a Câmara concedeu outras homenagens e distribuiu flores para as servidoras.

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