WebtivaHOSTING // webtiva.com . Webdesign da Bahia
camara vc cmvc
Interesse Público

Orlando Andrade, candidato ao governo da Bahia, é entrevistado na TV Bahia

O candidato ao governo do Estado da Bahia, Orlando Andrade (PCO), foi entrevistado ao vivo no Bahia Meio Dia desta quinta-feira (13).

A participação do candidato faz parte de uma série de entrevistas que a TV Bahia realiza com os cinco candidatos ao governo do Estado mais bem colocados na pesquisa Ibope divulgada em 22 de agosto.

Orlando Andrade, de 33 anos, esteve no estúdio em Salvador (BA), onde foi entrevistado pela apresentadora Jéssica Senra. Orlando, que é carteiro e sindicalista, tem como vice Silvano Alves de Souza (PCO).

 Bahia Meio Dia – Por que o senhor quer ser governador da Bahia?

Orlando Andrade – Em primeiro lugar, bom dia a todos. A você também. Na verdade, a nossa proposta de ser candidato vem da direção do partido, tem um proposição de, por eu ser negro, trabalho dos Correios, que é uma classe, uma categoria que está sendo duramente atacada nos último anos, o partido propôs o meu nome justamente pela representatividade, que veio a calhar no momento, na situação atual.

Bahia Meio Dia – E o senhor quer ser governador da Bahia?
Orlando Andrade –
Claro. A gente não vem participar das eleições pensando em não querer ser, mas a nossa proposta mesmo é trazer a população para discutir, para fazer parte da política.

Bahia Meio Dia – O senhor não tem nenhuma experiência administrativa com cargos públicos, e governar um estado não é uma tarefa simples, sobretudo um estado como a Bahia. O senhor se sente preparado para ser governador?
Orlando Andrade –
É uma boa pergunta. Na verdade, nós, do Partido da Causa Operária, não pensamos em fazer um governo de Orlando Andrade. A gente pensa em fazer um governo de toda a classe trabalhadora. A classe trabalhadora influenciando e agindo diretamente na construção do governo, junto com todo o partido e o programa que nós defendemos.

Bahia Meio Dia – E como seria esse governo, com a participação da classe trabalhadora?
Orlando Andrade –
Dentro do programa está incluso a formação de conselhos populares. Os conselhos populares que ajudariam a manter e a dirigir o governo. Vários conselhos populares, como o conselho popular de saúde, como o conselho popular de segurança e o próprio conselho de educação. As pessoas que utilizam e que trabalham com isso que farão parte, que construirão esses conselhos e o próprio governo.

Bahia Meio Dia – E como é que se definiriam as políticas, por exemplo, para a saúde? Se formaria esse conselho e, a partir daí , como o senhor iria gerir a saúde a partir desses conselhos? Haveria uma votação? Haveria uma decisão a partir de ideias do povo? Qual seria a sua participação diantes desses conselhos?
Orlando Andrade –
Esses conselhos seriam eleitos pela população, lógico. E teriam um poder de voz amplo, uma boa discussão que construiria um governo operário, um governo dos trabalhadores.

Bahia Meio Dia – O senhor aparece na pesquisa Ibope/Rede Bahia, divulgada no fim do mês passado, com 1% das intenções de voto. O PCO, historicamente, não faz alianças, não participa de coligações políticas, também não tem representatividade na Câmara Federal, que é o critério utilizado para conseguir tempo de TV, tempo de rádio. O senhor tem sete segundos, três vezes por semana, para falar com o eleitorado. Como o senhor pretende convencer os baianos a elegerem o senhor?
Orlando Andrade –
É isso. A nossa proposta é construir o nosso programa. O nosso programa é o melhor programa para a classe trabalhadora, porque é um programa que é participativo. O trabalhador vai atuar. Não é simplesmente o trabalhador votar e deixar que eu, Orlando Andrade, resolva tudo, escolha e decida tudo. Mas uma questão de que a população inteira tenha efetiva participação, tenha voz e tenha vez, no intuito de quem sabe mesmo o que deve ser feito… Quem sabe o que é melhor para o transporte público é quem pega ônibus todo dia. Quem sabe o que é melhor para o SUS é quem utiliza-se do serviço. Não sou eu ou qualquer outro candidato, ou deputado tal, de tal partido, que vai definir e que vai determinar o que é melhor para a população.

Bahia Meio Dia – Mas para chegar lá, por exemplo, para conseguir esses conselhos, para conseguir que a classe trabalhadora possa opinar, o senhor precisa ser eleito primeiro. A minha pergunta é: como o senhor pretende convencer o eleitorado baiano com tão pouco tempo de televisão? Quais são as estratégias para o senhor ser eleito?
Orlando Andrade –
O nosso trabalho é feito nas ruas, com a classe trabalhadora. O que a gente faz muito é panfletagem, e não só nas eleições. Nós trabalhamos na militância diariamente. Então, estamos nas ruas. E eu não digo só Orlando Andrade e nem o Partido da Causa Operário da Bahia, mas, nacionalmente, nós atuamos nas ruas o tempo inteiro. Nós estamos em manifestações, nós estamos nas ruas, nas panfletagens, nós conversamos com a população, nós temos um jornal online, um jornal físico, que leva e demonstra o que a gente quer para a classe trabalhadora, qual é o nosso projeto. Não o meu, mas sim de todo o partido.

Bahia Meio Dia – O senhor foi candidato a vice-prefeito de Feira de Santana em 2016. A sua chapa ficou em último lugar, conquistando apenas 283 votos de um eleitorado de mais de 397 mil pessoas. Então, o senhor acredita que essa estratégia vai funcionar agora para as eleições do governo da Bahia?
Orlando Andrade –
A gente sabe do caráter antidemocrático das eleições. E o partido vê dessa forma. Não é à toa que cercearam o líder das pesquisas, Luís Inácio Lula da Silva, de participar das eleições. O homem que tinha a maior quantidade de votos, baseado justamente nas pesquisas Ibope. O que a gente tenta construir, na verdade, é que as pessoas participem efetivamente da política, não só nas eleições. Infelizmente, as eleições são extremamente limitadas. É tão antidemocrática que nós, do Partido da Causa Operária, temos só sete segundos, enquanto outros partidos têm mais da metade do tempo total.

Bahia Meio Dia – O senhor é o único dos sete candidatos a governador da Bahia que não registrou as suas propostas, ou seu plano de governo, no TSE. Por que que o senhor não registrou o seu programa, as suas ideias, essas ideias que o senhor está expondo aqui hoje para a gente?
Orlando Andrade –
O partido, não só aqui na Bahia, mas em todos os estados, nos 17 estados que temos candidatos, lançou como proposta a liberdade e o direito de Lula sair candidato e a luta contra o golpe de estado efetivo no país, atual agora, que está sendo atuante agora.

Bahia Meio Dia – Mas, o que isso tem a ver com um programa de governo ou um plano de governo ou ideias para governar a Bahia, caso o senhor seja eleito?
Orlando Andrade –
Lógico, tem tudo a ver porque, a partir do que a gente pensa que a efetivação da população, a população nas ruas para efetivar o que realmente deve ser feito, que deve ser garantido para o povo… Porque não é por eleição que vamos conseguir garantir todos os direitos da classe trabalhadora. Junto com o cerceamento e o golpe de estado que está sendo aplicado, que foi aplicado e se mantém atuando no país neste momento, dizem realmente o que é preciso ser feito. As pessoas têm que ir para as ruas, as pessoas têm que garantir seus direitos na marra, na rua, porque por voto, por eleição, a gente acha que não vai solucionar.

Bahia Meio Dia – Mas o senhor coloca seu nome para as eleições. O senhor acredita que vai ou não solucionar, a partir da sua eleição?
Orlando Andrade –
Não é que a eleição não sirva para nada, mas ela não é o único campo prático que acreditamos. Além das eleições, existem outros mecanismos políticos de se resolver. E as eleições refletem um pouco da política nas ruas.

Bahia Meio Dia – Mas neste caso a gente está falando sobre eleições. O senhor coloca o seu nome dentro deste sistema eleitoral, para que as pessoas votem no senhor. Como as pessoas podem se identificar com as propostas ou com as suas ideias se isso não está exposto. O senhor votaria, por exemplo, em um candidato que não apresenta propostas? Que não apresenta um plano de governo?
Orlando Andrade –
Mas meu plano de governo eu estou colocando agora. A gente expõe agora. Uma resolução do partido foi tirada disso: a gente defenderia o direito de Lula ser candidato. E outra coisa: a luta contra o golpe. O nosso programa é lutar contra o golpe de estado.

Bahia Meio Dia – Esse é o programa de governo do PCO?
Orlando Andrade –
Do PCO. No momento atual, nosso programa de governo é derrubar os golpistas que estão destruindo a classe trabalhadora.

Bahia Meio Dia – E em relação à segurança da Bahia, à saúde, à educação. O senhor não tem nenhuma proposta para os baianos, por exemplo?
Orlando Andrade –
Temos, sim. Claro.

Bahia Meio Dia – Quais são suas propostas, por exemplo, para a área da segurança?
Orlando Andrade –
O Partido da Causa Operária defende a polícia municipal, ele é a favor da dissolução da PM, para você ter uma ideia.

Bahia Meio Dia – Quer diser que, se o senhor for eleito, o senhor acaba com a Polícia Militar da Bahia?
Orlando Andrade –
Não, não é simplesmente assim. Porque a gente vai analisar toda a conjuntura, a situação. Isso é um programa de longo prazo. Mas a gente entende que a polícia hoje serve como instrumento de repressão de toda a população, principalmente para a população negra.

Bahia Meio Dia – Então, em caso do senhor ser eleito, como seria feito esse processo de extinção da PM?
Orlando Andrade –
Isso seria estudado, isso seria discutido, uma ampla discussão por um conselho amplo, e que levaria a esse processo de mudança. Mas a gente tem que pensar no que deve ser feito. Primeiro a gente tem que pensar no horizonte, alçar o horizonte e depois traçar o caminho.

Bahia Meio Dia – O senhor então não estudou ainda essa situação? Apresenta isso como proposta ou não? O Partido das Causa Operária defende o fim da Polícia Militar. O senhor eleito governador acabaria ou não com a Polícia Militar? Isso ainda vai ser estudado ou não? O senhor assumindo, o que é que o senhor faz?
Orlando Andrade –
Discutir, lógico. Mas assim: isso seria efetivamente pensado, entendeu? O que a gente tem que acabar, na verdade, é com a perseguição e o massacre da população mais pobre e sofrida, oprimida. A população pobre, a população dos bairros periféricos, a gente sabe, é sempre perseguida, oprimida por toda a polícia e pelo Estado. A polícia em si, não, mas o Estado utiliza-se da polícia para perseguir e massacrar a população e manter o regime atual.

Bahia Meio Dia – Então o senhor assumindo, ou seja, o senhor seria o repesentante desse Estado. O que é que mudaria? O que seria diferente?
Orlando Andrade –
Em que sentido você fala?

Bahia Meio Dia – No sentido da atuação da polícia, da atuação da segurança, da atuação frente a essas comunidades?
Orlando Andrade –
Lógico. A gente deveria cortar essa questão, essa atuação tão severa e essa perseguição tão grande à classe oprimida. O que acontece é que vemos, não só na Bahia, mas a Polícia Militar, a polícia em si, a gente vê no Brasil inteiro que serve justamente para manter a classe trabalhadora inerte e na situação em que ela vive. De opressão e de pobreza. O que vemos no Rio de Janeiro: aumentou-se o nível de opressão com os militares, com o Exército, no Rio de Janeiro, e o que aconteceu? Aumentou a violência. Eu acho que aumentar a repressão só faz aumentar a violência. Não soluciona a violência.

Bahia Meio Dia – Vamos falar sobre a classe trabalhadora, então. Aqui, hoje, na Bahia, a gente tem dois milhões pessoas em idade para trabalhar que não conseguem emprego, entre os desempregados e aqueles que já perderam a esperança. Quais seriam as propostas do senhor para movimentar, aquecer a nossa economia e empregar essas pessoas?
Orlando Andrade –
O programa do PCO é bem definidio sobre isso. Somos a favor da redução da jornada de trabalho, porque isso daria oportunidade para outras pessoas trabalharem. E fomentar toda a economia. Mas redução da jornada de trabalho traria a abertura de mais empregos. O que acontece é uma exploração maciça da classe trabalhadora perante o Estado burguês, que gera um exército de desempregados e facilita até ao estado burguês manter a exploração.

Bahia Meio Dia – E como é que o senhor, então, faria para, além da redução de jornada de trabalho, como é que o senhor faria para que as empresas ou esse empresariado que o senhor coloca conseguisse absorver essa mão de obra e colocasse essas pessoas para trabalhar?
Orlando Andrade –
É só reduzir o lucro dos patrões, né? Os patrões lucram muito e o trabalhador vive na miséria. Aumentar os salários do trabalhadores, um salário digno. O salário do Dieese, no último estudo, é de R$ 4 mil… Que necessita para sobreviver. Hoje, o nosso salário mínimo é de R$ 954. Junto a isso, fomenta-se a economia. Se você tem, se o trabalhador tem um salário digno, que dá para sobreviver, ele vai consumir mais e a economia vai produzir mais.

Bahia Meio Dia – Então o senhor defende que o salário mínimo tenha esse patamar de R$ 4 mil? O senhor acha que o estado tem condições de arcar com esse valor?
Orlando Andrade –
Lógico, lógico. O estado tem condições. Só que parte do dinheiro que o estado arrecada, suga do próprio trabalhador, vai justamente para as grandes empresas, para as multinacionais e para os bancos.

Bahia Meio Dia – Um aumento do salário mínimo tem reflexos no INSS, por exemplo, na previdência, no INSS, a gente tem um efeito dominó que sobrecarrega as contas do estado. E o Estado hoje, com o salário de R$ 954, que é o valor do salário mínimo, isso quadriplicaria. O senhor acredita que o orçamento do estado tem condição de arcar com esse aumento do salário mínimo?
Orlando Andrade –
Tem condições, e eu mostro como, agora: mais de 50% do orçamento do estado é destinado para pagar bancos e empresas multinacionais. A gente tem que cortar isso. Isso não tem cabimento. O dinheiro da população, a população é escravizada, é explorada, e 50% desse dinheiro vai para banqueiro, que não faz nada, que não produz nada.

Bahia Meio Dia – O senhor trabalha como carteiro, não é isso?
Orlando Andrade –
Trabalho.

Bahia Meio Dia – Além do senhor, o PCO lançou um outro representante dos trabalhadores dos Correios como candidato a governador de São Paulo. Essa candidatura ainda está sendo analisada pelo Tribunal Superior Eleitoral, mas são dois representantes dos Correios. Segundo o PCO, o partido pretende denunciar a destruição dos Correios. Como é que está a situação da estatal, e o que o senhor acha que deveria ser feito para recuperá-la?
Orlando Andrade –
Faz até uma ligação com o que eu estava dizendo anteriormente. Os Correios está sendo sucateado e destruído. Grande parte dos trabalhadores dos Correios foi demitida, foi posta para fora com o sistema de demissão voluntária. Não há concurso dos Correios desde 2011, para se ter uma ideia, um déficit muito grande, uma sobrecarga de trabalho muito grande, e o que acontece: hoje, se alega que os Correios não presta um serviço de qualidade, com o objetivo de privatizar. Porque eles querem entregar mercado dos Correios para as empresas multinacionais. A gente tem que lutar contra isso.

Bahia Meio Dia – Mas a crise dos Correios não começou justamente com a instalação da CPI dos Correios, no ano de 2005, na metade do mandato do presidente Lula, que é o presidente inclusive que os senhores defendem hoje? Essa crise não começou a partir daí? Das investigações de pagamento de propina a parlamentares, a partir de desvios na estatal?
Orlando Andrade –
Não. Por incrível que pareça, essa é só uma conversa fiada. O correios sempre foi uma vaca leiteira, dá muito, o correio rende muito e, até hoje, o correio dá muito dinheiro, o correio é bastante lucrativo. Esse dinheiro só não chega para os trabalhadores dos Correios. Imagine que a situação do correio, superfaturamento em tudo que é feito. Os Correios tem uma situação lamentável. Vou falar justamente do Postalis, que é o que mais ou menos aconteceu agora. A nossa previdência privada, que os trabalhadores pagam, o dinheiro do Postalis, jogaram para o mercado de ações, perderam mais de R$ 1 bilhão no mercado de ações, e o que acontece? Quem teve depois que pagar essa conta? Os trabalhadores.

Bahia Meio Dia – Mas, então, isso não seria um problema de gestão dos Correios? Eu estou sendo sinalizada aqui que falta um minuto para a gente encerrar a entrevista, então eu vou dá esse minuto para o senhor deixar uma mensagem para o eleitor, deixar uma mensagem final, fazer o seu apelo, aproveitar esse espaço que o senhor normalmente não tem na propaganda eleitoral gratuita.
Orlando Andrade –
Para falar do problema de gestão. O nosso programa defende a a gestão de todas as estatais pelos trabalhadores. Então, nós conclamamos os trabalhadores dos Correios a se mobilizar, a ir às ruas, e toda à classe trabalhadora, para dominar a situação atual, lutar contra o golpe, lutar pela destruição da economia nacional, lutar contra a privatização da Petrobras, lutar contra a privatização dos Correios e todas as estatais. E outra coisa, estatizar as empresas, as grandes empresas que estão a serviço dos monopólios.

Fonte: G1 Bahia

Etiquetas

Artigos relacionados

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Fechar