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Interesse Público

Marcos Mendes, candidato ao governo da Bahia, é entrevistado na TV Bahia

O candidato ao governo do Estado da Bahia, Marcos Mendes (Psol), foi entrevistado ao vivo no Bahia Meio Dia desta sexta-feira (14).

A participação do candidato faz parte de uma série de entrevistas que a TV Bahia realiza com os cinco candidatos ao governo do Estado mais bem colocados na pesquisa Ibope divulgada em 22 de agosto, de acordo com o seguinte cronograma:

Marcos Mendes, de 53 anos, esteve no estúdio em Salvador (BA), onde foi entrevistado pela apresentadora Jéssica Senra. Mendes, que é geólogo, tem como vice Mira Alves (Psol), conhecida como Dona Mira.

Bahia Meio Dia – Por que o senhor quer ser governador da Bahia?
Marcos Mendes –
Jéssica, eu acho que você trouxe fluidos positivos e bons aqui para a TV Bahia, porque pelo menos a gente está tendo um processo democrático, 20 minutos para cada candidato, eu acho que é importante neste momento de dificuldade muito grande na política. Primeiro eu queria fazer um apelo, um apelo ao governo do estado sobre o Arquivo Público do Estado da Bahia, um arquivo importantíssimo, tem relíquias do século XVII, e ele está em um processo de degradação muito grande. Desde 2011, as pessoas estão divulgando, teve que ser desligada a energia por causa de problema na fiação, para não pegar fogo, existe um processo de degradação, A Teresa Matos tem falado muito, que é diretora do arquivo, para depois não acontecer o que aconteceu no Museu Nacional e o pessoal estar tentando arrumar um bode expiatório. Então, isso, desde 2011, está sendo notificado. Desde o governo passado de Paulo Souto, que também quer que transforme o arquivo público para vir para o Centro Administrativo, então é um apelo que estamos fazendo para a nossa história, para preservar a nossa história. É importante também salientar que nós vamos estar em Barreiras, amanhã, às 17h30, chamando o pessoal para o Parque de Exposições, em Barreiras. E o Dia B, Guilherme Boulos dia 21, pessoal, lá na Cruz Caída, todo mundo lá para ouvir um dos melhores, o melhor candidato a presidência da República junto com Sônia Guajajara, primeira indígena.

Bahia Meio Dia – Eu sei que o senhor tem pouco tempo de TV e está aproveitando esse espaço para falar, para dar seus recados, mas gostaria que o senhor respondese: por que o senhor quer ser governador da Bahia?
Marcos Mendes –
Primeira coisa, eu queria pedir o espaço para dizer o que é o Psol, o partido da gente. O Psol é único partido no Congresso Nacional que não está envolvido nessa sujeira toda, nem da Lava-Jato e nem dos mensalões. E também temos os melhores parlamentares, inclusive, denunciando toda essa sujeira. Então, o Psol tem reencantado. Encantado e reencantado a população a política, então, existe uma alternativa real. Nós temos um estado, Jéssica, que é um estado muito desigual. Primeiro, a gente quer dizer que é um estado extremamente antidemocrático. A Constituição do estado da Bahia, só no artigo 31, diz que pode ter um controle social, mas isso tem que ter lei que regulamente e, até hoje, nenhum governo, nem nos 37 anos do governo passado, e nem os 12 anos do governo de agora. Então, nós queremos democratizar o estado. Pegar a população e botar para dentro do tabuleiro. A população não tem que ser consultada só de quatro em quatro anos. E o segundo ponto é essa desigualdade. Trinta e sete anos do governo passado deixou o sexto estado mais rico, mas com a quarta população mais pobre. Atualmente, nós somos o sétimo estado mais rico, mas a quinta população mais pobre. Então, nós queremos acabar com essa desigualdade. Por que essa desigualdade? Por que nós temos um estado rico, mas com uma população pobre? Comparando com Santa Catarina, que disputa a sexta ou sétima colocação com a gente, mas está disputando primeiro, segundo e terceiro em índice de desenvolvimento humano. Por que a gente tem que estar na rabeira? Aqui continua sendo um governo do Robin Hood ao contrário: um governo que tira dos pobres para dar aos ricos. Nós queremos mudar essa relação.

Bahia Meio Dia – O que o senhor quer dizer em colocar a população para dentro do tabuleiro? Consultar mais a população de que maneira?
Marcos Mendes –
Exatamente. As consultas populares, por exemplo. Isso foi feito muito bem no Pará. Em Belém (PA), o nosso deputado federal Edmilson Rodrigues sempre fez consultas populares e, hoje, ele foi eleito como o candidato mais votado lá em Belém (PA) e no Pará como um todo. Então, a gente consulta as pessoas, a gente dialoga, a gente faz essas consultas populares, e as pessoas vão dizer coisas que são diretamente ligadas a elas. A gente não pode chegar e deixar as pessoas lá, ter um balcão de negócios dentro de um governo para decidir sobre as pessoas. Tem várias situações, como a educação, como a saúde, como seguirança. Hoje, somos um dos estados que mais mata jovens negros na periferia, então, precisa fazer uma discussão.

Bahia Meio Dia – Mas, a rigor, essas consultas existem. Os projetos mais polêmicos são colocados para consultas populares nas Câmaras Municipais, na Assembleia Legislativa, essas consultas existem. O senhor propõe um outro tipo de consulta popular?
Marcos Mendes –
Deixa eu dizer uma coisa a você. PPA participativo: eu acho que foi uma ideia interessante do governo do estado. PPA participativo tem uma consulta da população, mas não tem deliberação. Analise o PPA participativo. Eu até já estudei o PPA participativo, em 2014. Mas quando você vê, na verdade, isso não acontece na realidade. Então, não é isso que a gente quer. A gente quer que tenham consultas e que essas consultas sejam deliberativas.

Bahia Meio Dia – Com votação, plebiscitos, por exemplo?
Marcos Mendes –
É interessante. A gente não tem plebiscitos. Plebiscitos só para instituir e destituir municípios do estado das Bahia. Referendo nem se fala. A gente quer isso. A gente quer que essas pessoas coloquem inclusive consultas populares deliberativas. A gente pode fazer conselhos populares deliberativos, e então eles deliberam sobre questões que influenciam a toda a população. E não a população… Várias coisas que estão acontecendo, por exemplo, o PPDU do município de Salvador. As discussões foram muito pequenas. A gente pressionou, o Ministério Público pressionou, e não teve. Então, é um PPDU que favorece só os grandes, as empreiteiras, as grandes empreiteiras. Aqui, nós temos, por exemplo, o BRT. O BRT não se conversou com a população. Vai derrubar 579 árvores, destamponar dois rios, um projeto que inclusive o TCU está investigando. Porque foi três dias antes da votação se Temer ia ser investigado ou não e bancada do DEM toda votou a favor. Então, é um BRT que não discute com a população. Existe alternativa a isso. E o governo do estado também está de braços cruzados, porque ele poderia barrar essa obra, haja vista que vai ter uma intervenção em um recurso hídrico, que é do estado, o estado da Bahia que versa sobre isso, e a questão do resgate de fauna também. Estão derrubando árvores sem fazer o pedido de resgate de fauna. Então, estão os dois de braços cruzados.

Bahia Meio Dia – É que plebiscitos são caros. Plebiscitos custam o mesmo que uma eleição, por exemplo. A do Pará, que o senhor citou, se não me engano, custou R$ 20 milhões, em 2011. Então, assim, para você consultar a população para cada nova lei… É por isso que a gente elege os deputados, os senadores, os vereadores. Então, a gente deixaria de ter esses representantes?
Marcos Mendes –
Jéssica, deixa eu dar um exemplo, aqui, importante. Sabe quanto foi que o governo gastou ano passado só com propaganda? R$ 210 milhões. Por que não pode gastar R$ 20 milhões para conversar com a população? Outra coisa importante que acontece: na Suíça você tem pelo menos 10 consultas populares. Por que não tem consultas populares no estado da Bahia? Você tem eleições. Nessas eleições, por que não fazem uma consulta nas eleições, haja visto que você vai ter um gasto com eleições? Então, existem várias formas. As pessoas arrumam desculpas para não discutir cara-a-cara com a população e nós não temos medo de discutir com a população.

Bahia Meio Dia – Vamos falar um pouco sobre suas propostas na área da segurança pública, que é um tema muito sensível aqui no estado. Quais são as suas propostas para a segurança pública?
Marcos Mendes – A gente pensa que segurança pública não é um sistema policialesco. Segurança pública, inclusive, tem vários estudos em várias universidades, entre elas a Universidade Federal da Bahia, diz o seguinte: existem três pilares importantes. Primeiro, investimento profundo em educação pública de qualidade. Os servidores estaduais, não só os educadores, os servidores estão há quatro anos sem reposição de inflação sequer. Os professores e professoras daqui, um terço não recebe o piso nacional da educação. Você até falou na entrevista, e o governo disse que não. Existe, sim. O Tribunal de Contas do Estado, não foi só José Lino, não. Uma avaliação do Tribunal de Contas do Estado, que não recebe o piso nacional. Você sabia que têm vários aposentados que não recebem o salário base? O salário base é menor que o salário mínimo, R$ 756. Isso não é dito na propaganda. Então, a gente quer valorizar. Por exemplo, as escolas estão sendo fechadas. Centenas de escolas na Bahia, e em Salvador, dezenas de escolas. Eu fui, inclusive, quando foi fazer uma cobertura aqui da TV Bahia, no Dalva Matos, lá em Prainha do Lobato, que estava querendo ser fechada. É uma unidade que tem um pertencimento da comunidade, foi a primeira unidade de ensino médio que foi para lá, porque a população chamou, dialogou, conversou e a escola está lá. Uma escola maravilhosa.

Bahia Meio Dia – Agora, muitos candidatos falam sobre isso. Sobre a necessidade ampliar os investimentos em educação, valorizar o professor, mas o que a gente precisa saber é: de onde vai vir o dinheiro? Em quanto o senhor pretende ampliar e de onde o senhor vai tirar, já que temos verbas limitadas?
Marcos Mendes –
Eu vou dar uma ideia aqui. Você sabe quanto foi gasto em incentivos fiscais e desonerações fiscais só no ano passado? R$ 2,8 bilhões, pessoal. Nós temos aqui a sexta, sétima economia mais pungente deste país. Outra coisa importante: foram gastos quase R$ 600 milhões em propaganda, em quatro anos de governo. Você sabe quanto se paga hoje da dívida? Mais de R$ 600 milhões e não se fez uma auditoria da dívida pública do estado. Você sabe que ela aumentou três vezes depois que privatizou o Baneb? Porque ônus ficou com o estado e o bônus ficou com o Bradesco. Isso é um absurdo. Ou seja, era R$ 900 milhões e passou para R$ 2,5 bilhões. Então, dinheiro tem, Jéssica. A gente tem que ter prioridade. E, para nós, educação pública de qualidade é uma prioridade.

Bahia Meio Dia – Então, o senhor, por exemplo, abriria mão dos incentivos fiscais para essas empresas?
Marcos Mendes – Óbvio.

Bahia Meio Dia – Que, em teoria são geradoras de emprego, em um momento em que a Bahia, por exemplo, tem dois milhões de desempregados.
Marcos Mendes –
Ótimo, eu tenho outras propostas de geração de emprego. Por exemplo, você falou uma coisa interessante ontem. O Tribunal de Contas do Estado também diz o seguinte: que as desonerações fiscais, você não tem nenhum retorno para o estado da Bahia. Não tem transparência desse retorno.

Bahia Meio Dia – O retorno não seria geração de empregos para a população?
Marcos Mendes –
Vou dar um exemplo: R$ 1 bilhão é dado aqui à Ford. Sabe quanto gera de empregos? 600 empregos. Já pensou se a gente pega esse R$ 1 bilhão e a gente, posso dar ideias aqui para geração de emprego, que isso também mexe com a questão de segurança pública, porquie tem uma concentração grande nos grande centro urbanos, 80%, mas na verdade nós temos a maior população rural da Bahia. Quatro milhões de pessoas. Sabe quantas comunidades de agricultura familiar nós temos? Famílias de agricultores familiares? Em torno de 700 mil. Nós temos 991 comunidades quilombolas, e só uma foi titulada em quatro anos, agora pelo atual governo. Nós temos em torno de mil comunidades de fundo e fecho de pastos. Nós temos milhares de comunidades camponesas. Nós temos 700 assentamentos de reforma agrária e 20 etnias indígenas, por exemplo, todas assentadas em terras públicas. Então, a gente quer fazer o quê? A regularização fundiária com a titulação de todas essas terras. A gente quer trazer de volta a EBDA, a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola, que tem um papel fundamental de dar apoio técnico e logístico a essas comunidades tradicionais. Queremos trazer de volta o Derba, o Departamento de Estradas e Rodagens da Bahia. Ele tem um papel fundamental, não só de construção, mas de mantenção das estradas, principalmente as vicinais, para escoamentodos produtos dessas comunidades. E a gente tem a Cesta do Povo. A Cesta do Povo tinha a segunda maior capilaridade de lojas no estado da Bahia, 278. O que é que a gente pretende e, inclusive, essas comunidades com o governo do estado, que vendeu por R$ 15 milhões, praticamente, deu a Cesta do Povo. Então, o que poderia se fazer? Um grande mercado público estadual para comercialização desses produtos.

Bahia Meio Dia – É que a Cesta do Povo, na verdade, gerou um prejuízo de R$ 750 milhões. Era um subsídio do governo. O governo pagava, subsidiava esses alimentos.
Marcos Mendes – Mas você sabe o que foi? Um rombo que aconteceu. Se lembra na época de Omar Brito, que foi denunciado por vários meios de comunicação? Um rombo de R$ 350 milhões, que chegou a R$ 1 bilhão. E aí? Cadê essa auditoria? Essa auditoria foi assentada depois que começou a parceria de novo, com Otto Alencar e com o governo do estado. Então, é isso que eu estou dizendo. A gente precisa meter esse dedo, a mão na ferida, para as pessoas saberem o que está acontecendo. Só mais uma coisa. Eu fui na OCEB, queria dar uma abraço a Sergio e Lali, a gente conversou e parece que foi uma sintonia muito grande. Você sabe, por exemplo, lá em Santa Catarina, que disputa o primeiro, segundo lugar em índice de desenvolvimento humano, 21% é a contribuição das cooperativas para o PIB lá do estado. Sabe quanto é aqui? Menos de 0,5%. Então, o que eu quero dizer é o seguinte: a gente precisa levar essas cooperativas para todas as regiões da Bahia, para o interior, sabe o porquê? Para beneficiar os produtos dessas comunidades tradicionais. Eu vou dizer a você, Jéssica: nós vamos fazer uma revolução no campo. A gente pode fazer com que leve justamente o desenvolvimento para essas outras regiões, para o campo, vai incentivar, vai incluir as pessoas, distribuir renda e a gente vai fomentar a economia local e regional. A gente vai fazer uma revolução no campo sem precisar pegar em arma. Agora, basta vontade política. As cooperativas já estão aí, a OCEB está aí, a gente pode fazer uma parceria. Então, depende da vontade política.

Bahia Meio Dia – O senhor tem pouca ou nenhuma, eu não conheço sua experiência administrativa, pelo menos experiência administrativa pública o senhor não tem. O senhor se sente preparado para ser governador das Bahia?
Marcos Mendes – Extremamente preparado. E não só preparado, a gente tem toda uma equipe, a equipe inclusive lá, essa pessoa no campo… Você sabia que, hoje, o governo se importa com o seguinte: com o agronegócio. O agronegócio, por exemplo… Aí, vamos discutir em relação a investimentos. Você sabia que o Desenbahia, o banco de fomento, quase R$ 200 milhões neste ano vão para o agronegócio. O agronegócio é um veneno, pessoal, que está envenenando as águas superficiais e subterrâneas, o solo está sendo envenenado, as pessoas estão sendo envenenadas, inclusive morrendo. Deixa eu dar uma ideia: Lucas do Rio Verde, você que é mulher. O leite materno, foi feito uma coleta, e 100% é envenenado, inclusive, o bebê bebendo leite com glifosato. E outra coisa, não tem retorno nenhum para o estado, porque tem muito pouco emprego, as comunidades tradicionais estão sendo expulsas de lá, as terras estão sendo griladas. Você sabia que 80%, tem uma ação discriminatória pública que diz que 80% dessas terras são terras griladas de maneira grosseira, enquanto as comunidades tradiconais lá estão sem a titulação das suas terras. Precisamos reverter isso, e vamos reverter. Eu sou ambientalista de natureza.

Bahia Meio Dia – Mas a questão do agrotóxico, no fim das contas, todos os agricultores, inclusive os familiares, utilizam agrotóxicos. A gente tem apenas 0,2% de agricultores baianos com certificado de produção orgânica. Como é que a gente consegue produzir de forma mais barata, mais acessível às pessoas, sem a utilização do agrotóxico, que hoje é impossível no país?
Marcos Mendes – Impossível, não. Existe um estudo que diz que a agroecologia, baseada na permacultura e agricultura orgânica, é muito mais barata. O problema é que essas pessoas querem coisas fáceis. Você sabia que os aquíferos superficiais e subterrâneos estão sendo envenenados? Que as pessoas estão morrendo, inclusive, e adoencendo?

Bahia Meio Dia – Mas como se consegue fazer com que se produza bastante, sem o o uso de agrotóxicos?
Marcos Mendes –
Incentivo. Por exemplo, vou dizer a você aqui. Você tem o Ernest. Na verdade, ele refloresta áreas secas. Você tem ele aqui em Piraí do Norte. Ele está aqui à nossa disposição. Marsha Hanzi, a rainha da permacultura, trouxe a permacultura para o Brasil. Tem tudo à nossa disposição. Tem que ter vontade política. Na verdade, essas grandes empresas que estão se beneficiando. Por exemplo, eu vou dizer aqui a Bayer junto com a Monsanto: ela produz a semente transgênica, que você não pode ter outras sementes para ser reproduzida, para você ficar dependente deles; aí você tem uma carga de agrotóxico muito grand. Depois de quatro, cinco anos, você aumenta quatro vezes. Eles próprios vendem esse veneno. E depois as pessoas vão adoecer, e sabe o que é que eles agora estão investiando? Na indústria farmacêutica. Então, é uma tríade do mal. A gente pode incentivar a vida e trazer a saúde para as nossas mesas, basta incentivo do governo. Nós vamos incentivar os agricultores familiares, as comunidades tradicionais, para produzir agroecologia, baseada na permacultura. Então, a gente incetiva a vida. Isso aí depende de uma política de governo, e nós vamos barrar, vamos fazer um enfretamento grande para o agronegócio do veneno.

Bahia Meio Dia – Candidato, é que eu faço uma pergunta, e o senhor responde outra coisa. A pergunta é sobre sua experiência administrativa e o senhor fala sobre agrotóxico. Vamos falar sobre propostas, vamos falar sobre a sua proposta para a saúde.
Marcos Mendes –
Isso aí, você tira o quê? Você investe saneamento, você investe em coisas como essa, em agricultura orgânica, agroecológica, você tira R$ 4 da saúde. Se você investe R$ 1 nisso, você tira R$ 4 da saúde.

Bahia Meio Dia – Qual a sua proposta para a saúde? A gente tem hoje uma fila. Mil a 1,5 mil pessoas todos os dias, solicitando uma vaga na regulação. Como a gente resolver esse problema? Criando mais leitos? Construindo mais hospitais? Qual a sua proposta para a saúde
Marcos Mendes –
Mais hospitais, não. É um sistema hospitalocêntrico. No governo passado, era assim, a mesma coisa agora. Agora é policlínica, antigamente eram hospitais. Então, tanto o governo passado quanto hoje ficava no sistema hospitalocêntrico, que não pensa nas pessoas. Deixa eu dar uma ideia: existe o Roberto Santos, que na década de 80 fez uma coisa importante. O estado tem quer essa responsabilidade. Chama municipalização participativa. O que é municipalização participativa? O município cada vez mais está sobrecarregado. Antigamente, 75% dessa verba da saúde vinha do governo federal e, agora, se baixou para 40% e está aumentando a obrigação dos municípios, que estão agonizando. Então, o governo do estado tem que chegar junto. Fazer uma municipalização participativa, para quê? Para saúde primária. A saúde primária é responsável por 70%, 80%. Como é que a gente faz isso? Contratando agentes de saúde para ele se bem remunerado, que não são.

Bahia Meio Dia – Então o senhor propõe que o estado assuma um papel que é do município?
Marcos Mendes –
Não. Faça uma parceria com o município. Parceria. Ou seja, municipalização participativa. E isso deu certo na década de 80. Então, você chegando lá… Você sabe quanto é que a atenção primária hoje é atendida aqui? 38, 8%. A gente tem que chegar a 100%. Sabe porquê? Porque representa 80%. Então, esses agentes de saúde vão nas casas das pessoas, medem pressão, veem um grande mal que tem, a diabetes, vê como é que está a diabetes, vê se está tomando medicamente, faz uma saúde preventiva, leva uma nutricionista para fazer uma prevenção, o tipo de alimentação, então você prevê. Então você tira justamente essa sobrecarga que tem na média e alta complexidade. Então, na média complexidade, você pode atender 15%, então você não vai ter fila. A proposta da gente é que em mais ou menos 15 dias você possa fazer seu exame, e no máximo um mês você possa fazer a cirurgia. Isso é extremamente possível, porque dinheiro tem. Mas sabe o que está acontecendo na saúde? As grandes empresas entederam que você pode se beneficiar desse dinheiro. Por exemplo, o Couto Maia. Sabe quem é que está administrando o Couto Maia? A Metro Engenharia, que é de Mauro Parates, primo carnal de Leo Prates, que é o braço direito de ACM Neto e presidente da Câmara de Vereadores de Salvador. IMagine? O que tem à ver a Metro Engenharia para administrar o Couto Maia? E tem lá a SM Gestão Hopitalar, que é o mesmo dono do IFF, Instituto Fernando Filgueira.

Bahia Meio Dia – O Hospital do Subúrbio, por exemplo, que é uma PPP, ganhou um prêmio da ONU por sua inovação no que diz respeito à administração da saúde pública.
Marcos Mendes –
Você sabe quanto é investido lá? R$ 190 milhões. É 12 vezes mais o que é investido no Clériston Andrade, que tem o mesmo número de leitos e tem a mesma estrutura que deveria ter. O grande problema é esse, mas isso aí, uma boa parte desse dinheiro, está indo para o lucro das grandes empresas. É um desperdício muito grande. Isso poderia ser investido no SUS público de qualidade. SUS é um programa maravilhoso.

Bahia Meio Dia – Então, o senhor tiraria dinheiro do estado para as prefeituras, para investir na educaçãobásica, que deveria ser papel dos municípios?
Marcos Mendes –
Uma parceria solidária fiscalizada. Eu acho que a gente tem que ter uma parceria com os municípios, porque senão vai ficar esse caos. Não vai se resolver, pessoal. Mais hospitais, não. Você tem que ter uma atenção básica de qualidade, atenção preventiva. Outra coisa, o saneamento ambiental só chega a 30%, 40% dos municípios. Se a gente faz um saneamento ambiental de qualidade, você investindo R$ 1, você tira R$ 4 dos orçamentos dos hospitais.

Bahia Meio Dia – Hoje, uma estimativa para se resolver o saneamento na Bahia, seria necessário R$ 18 bilhões. Isso é quase a arrecadação anual.
Marcos Mendes –
E qual o problema? A gente pode fazer uma parceria com o MInistério das Cidades. O Ministério das Cidades também tem interesse nisso, mas você tem que ter vontade política. É isso que eu estou dizendo. Vontade política para isso. Deixa eu dizer uma outra coisa importante que está acontecendo na saúde. Como eu disse a você lá, o Carvalho Luz. Existiu no Carvalho Luz, os profissionais estavam há cinco meses sem receber salário. O mesmo dono que administra o Carvalho Luz, o Hospital da Mulher, a UPA de Feira, a UPA de Jequié, sabem quem é? É o Instituto Fernando Filgueiras. Que muda o CNPJ, e agora é SM Gestão Hospitalar. Ou seja, eles descobriram que é um grande negócio na saúde, nesse processo de privatização, pessoal. Então é um desperdício grande com dinheiro público. Eu quero dizer a vocês o seguinte: o Psol tem independência e autonomia para a gente pegar e regatar esse SUS público de qualidade, que na década de 80 foi uma referência internacional e continua sendo referência internacional, mas o dinheiro está sendo desviado para favorecer essas grandes empresas, as indústrias farmcêuticas, então a gente quer fazer… Por exemplo, por que a gente não trabalha com a naturopatia, inclusive com os saberes populares nesa área de saúde? Com as ervas? Fazer inclusive a medicina ortomolecular, a homeopatia junto com a alopatia? Então a gente pode fazer um trabalho preventivo maravilhoso, a gente pode fazer uma transformação dessa sociedade, e só quem pode fazer isso é o Psol, porque tem independência, tem autonomia, não é financiado por essas grandes empresas. Tem uma campanha, inclusive: queremos o Psol 50 no segundo turno, queremos Marcos Mendes e Dona Mira, uma mulher negra, de luta, educadora popular, que é líder do MTST, MSTB, Movimento Sem Teto da Bahia, uma mulher que luta por moradia, e ela é minha co-governadora , porque nós vamos governar juntos.

Bahia Meio Dia – O senhor tem agora um minuto. A gente não conseguiu saber propostas concretas do senhor. O senhor quer aproveitar esse último minuto para dizer concretamente suas propostas?
Marcos Mendes –
A gente vai fazer uma revolução no campo, a gente falou aqui em propostas de saúde, educação, porque tem um terço sem receber o piso nacional. Depois da nossa gestão, a gente quer que tenha o maior piso de educação e seja a melhor educação pública de qualidade. Podemos fazer isso, sim, porque nós somos um estado rico. Depende da prioridade. Então, o que quero pedir, pessoal, quero chamar vocês mais uma vez para a Cruz Caída, dia 21. Guilherme Boulos e Sônia Guajajara são os melhores. Vote 50 para presidência. Fábio Nogueira é o melhor, 500, ele e Beto Bernadete lá para senadores, porque vcê sabe que tem senadores aí, Jutahy e outros senadores que foram senadores que votaram contra a gente em tudo, e eles querem ser candidatos agora. Inclusive o Irmão Lázaro, que disse aqui que foi a favor do impeachment, que está esse caos total aqui, depois desse golpe que aconteceu em nosso estado. Então, Marcos Mendes e Dona Mira, 50 para governo. Deputado federal e estadual nós temos os melhores do país. Temos o melhor vereador de Salvador, Hilton Coelho, que também é candidato a deputado estadual. Então, se você não souber o número, vote 50 e confirme. Com certeza, pessoal, nós vamos fazer uma mudança real nessa sociedade. Vamos fazer uma revolução e uma transformação.

 Fonte: G1 Bahia
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