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Interesse Público

Conquista: Câmara realiza mais uma edição do Diploma Loreta Valadares

Uma sessão solene realizada na manhã da última quarta-feira,13, marcou mais uma edição do Diploma Mulher-Cidadã Loreta Valadares, reconhecimento feito pela Câmara de Vereadores a mulheres que se destacam na defesa dos direitos da mulher em Vitória da Conquista. A honraria foi instituída em 2005 pelo Projeto de Resolução nº 41. Seis mulheres, com atuação em áreas diversas, foram homenageadas. Além delas, 18 outras mulheres foram agraciadas com homenagens pelo Dia Internacional da Mulher.

Loreta Valadares (1943-2004) foi uma feminista e ativista política que nasceu em Porto Alegre e se mudou para Salvador ainda criança. Lutou contra a Ditadura Militar, foi presa política e exilada. Em 1980 retornou ao Brasil, tornando-se professora na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Seu nome batiza, em Salvador, o Centro de Referência Loreta Valadares – Prevenção e Atenção a Mulheres em Situação de Violência. Em 2005, a Câmara Municipal de Vitória da Conquista estabeleceu o Diploma Mulher-Cidadã Loreta Valadares.

Nesta edição foram homenageadas:

Ana Fábia Cirilo Costa: formada em Administração e estudante do curso de Psicologia, vem se dedicando à militância em defesa das mulheres em situação de violência doméstica, participando de eventos públicos como palestrante e orientadora de mulheres e famílias em situação de violência, bem como de outros problemas.

Maria Célia Silva Trindade: sempre atuou em causas sociais como ASA, ADRA, Centro de Recuperação de Mulheres e abrigo para idosos. Casada com Miguel dos Anjos, é mãe de três filhos e avó de quatro netos.

Edimara de Almeida: é cabo da Polícia Militar, vem realizando cursos de resgate, caatinga, polícia comunitária, atendimento a mulheres em situação de violência, condutores de veículos de emergência, enfrentamento e exploração sexual de crianças e adolescentes, PROERD. Hoje atua na Ronda Escolar Rural, como instrutora do Programa Resistência às Drogas e vem realizando programas na zona rural voltados à prevenção e combate ao abuso infantil e à violência doméstica.

Maria da Paixão Rocha Luz: busca acesso aos cuidados básicos de saúde para as mulheres mais necessitadas. Pati Luz, como é carinhosamente conhecida, atualmente realiza diversas ações sociais voltadas para o público feminino, sendo as de maior destaque o Outubro Rosa, de combate ao câncer de mama, e o Setembro Amarelo, que visa a promoção, prevenção e recuperação da saúde e suporte psicológico a mulheres.

Elenita Alves Barbosa: apaixonada pelo magistério, começou a lecionar ainda muito nova. Chegou a exercer a função de membro da Diretoria Executiva do Sindicato do Magistério Municipal de Vitória da Conquista, presidiu o Conselho Municipal da Mulher e foi diretora de várias escolas do município.

Iara Gardênia Rocha Fernandes Louzada: ingressou como delegada da Polícia Civil da Bahia em 1997, sendo delegada titular na cidade de Paramirim, onde permaneceu até 2003. Mudou-se para Condeúba e atuou na cidade até 2011, quando veio para Vitória da Conquista. Em 2014 foi designada para exercer a função de delegada adjunta da Delegacia da Mulher, onde permanece até hoje.

Mesa destaca luta das mulheres – Participaram da mesa da sessão o presidente da Casa, Luciano Gomes (PR), as vereadoras Lúcia Rocha (DEM), Viviane Sampaio (PT) e Nildma Ribeiro (PCdoB), a vice-prefeita e secretária de Desenvolvimento Social, Irma Lemos, e representantes do Conselho Municipal da Mulher, da Marcha das Mulheres e da Prefeitura Municipal.

O presidente da Casa, Luciano Gomes (PR), reafirmou o papel da entidade na defesa dos diretos da mulher. Ele reforçou as demandas que a Câmara vem recebendo do segmento e reafirmou o compromisso em trabalhar para atendê-las.

A vereadora Lúcia Rocha destacou os dados da violência contra a mulher, nos quais o Brasil figura como a quinta Nação mais perigosa para as mulheres, segundo a Organização Mundial da Saúde. “São números alarmantes e não podemos nos acomodar aceitando que isso continue. É preciso concretizar ações para o fortalecimento das políticas públicas para as mulheres”, declarou Lúcia.

A vereadora Viviane Sampaio (PT) afirmou que é um “momento de reflexão e resistência contra os direitos violados das mulheres trabalhadoras”. A líder da Bancada de Oposição também lembrou que o Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de violência contra a mulher e também ressaltou que apesar de as mulheres serem minoria na Câmara, com apenas três parlamentares, os outros 18 vereadores têm dado apoio em temas relevantes. “Esta Casa tem um papel importante de luta e resistência contra a perda de direitos pelas mulheres”, afirmou.

A vereadora Nildma Ribeiro (PCdoB) lembrou que a Marcha das Mulheres, evento ocorrido no dia 8 de Março, entregou um manifesto com reivindicações a diversos órgãos como Prefeitura e Câmara. Nildma cobrou a instalação da Casa Abrigo, pauta antiga e que vai atender vítimas de violência, e o funcionamento 24 horas da Deam – Delegacia de Atendimento à Mulher. “Os maiores atos de violência acontecem nos finais de semana e feriados e é justamente quando a delegacia está fechada”, relatou. A parlamentar pediu ainda escola em tempo integral, mais creches e o pagamento do Garantia-Safra para a mulher do campo. “Não queremos só flores, queremos respeito, direito garantido. Enquanto uma mulher for prisioneira, nenhuma será livre”, falou.

A vice-prefeita e secretária de Desenvolvimento Social, Irma Lemos, frisou que sua área atende majoritariamente a mulheres, cenário em que presencia os desafios enfrentados por esse segmento. Ela lamentou que a situação das donas de casa seja ainda mais frágil, porque não tem o trabalho doméstico reconhecido. Lemos afirmou que somente com o aumento da representação das mulheres nos espaços de poder poderá resolver problemas como a violência contra a mulher. “Vamos votar em mulher”, convocou.

A delegada da Deam, Iara Gardênia, falou sobre seu trabalho à frente da unidade e de como as mulheres atendidas chegam à delegacia numa situação de humilhação, tendo que lidar com diversas dificuldades. Segundo ela, a mulher que sofre qualquer tipo de violência, seja física, psicológica, sexual ou patrimonial, deve requerer medida protetiva contra o agressor e procurar a DEAM. “Quebrem o silêncio”, advertiu.

A presidente do Conselho Municipal da Mulher, Arlene Ribeiro, frisou a importância da entrega do Diploma Loreta Valadares. “Devemos lutar juntas no combate à violência contra a mulher, precisamos estender a mão a essas mulheres vítimas de violência”, afirmou. Ressaltou que o assédio moral e sexual vêm crescendo de forma significativa em instituições públicas, colégios, universidades, comércio. “As vítimas são violentadas e se calam”, lamentou. A conselheira pediu o funcionamento 24 horas da Deam. “Os parlamentares precisam fazer algo para que essas mulheres possam ser atendidas por pessoas preparadas também aos fins de semana. Só os parlamentares podem fazer essa intervenção junto ao Governo do Estado”, concluiu.

A coordenadora do Centro de Referência da Mulher, Dayana Andrade, relatou que em 2018 foram feitos 234 acolhimentos de mulheres, contra 184 em 2017. Ela destacou que é preciso também prevenir a violência contra a mulher com ações educativas, e lamentou que apesar de o Centro existir há 13 anos, muitas mulheres não têm conhecimento desse espaço. A coordenadora relatou que o projeto da Casa Rosa, um abrigo para as mulheres vítimas de violência, pauta antiga do segmento,  aguarda a liberação da Caixa. Dayana informou que a licitação da obra deve acontecer no início de 2019.

A representante da Marcha das Mulheres, Ana Cristina, destacou que hoje [13] é um dia de festa, mas também um dia de luta contra o feminicídio e pela defesa dos direitos das mulheres. Também salientou que as mulheres não devem servir de massa de manobra, elas devem ter voz e lugar de fala nos espaços públicos. “Quero chamar todas nós a darmos as mãos, ninguém solta a mão de ninguém e vamos à luta”, falou.

Sislaine Oliveira, secretária do Centro Municipal de Educação Paulo Freire (CAIC), relatou as dificuldades das mulheres e a falta de direitos das mesmas. Ela relembrou o direito ao voto e o trabalho das mulheres durante as duas guerras mundiais. “Foram pioneiras e se destacaram em muitas profissões”, disse. Oliveira citou a primeira mulher bacharel em Direito, Maria Augusta Saraiva, e ressaltou que a advogada não pôde exercer a função por discriminação. Lembrou que muitas outras mulheres lutaram pelo reconhecimento profissional e pela garantia dos seus direitos.

Ana Fábia Cirilo Costa representou todas as homenageadas desse ano. Ela agradeceu a Câmara de Vereadores pela honraria e afirmou que se sentiu alegre e orgulhosa. “Por saber que se há um reconhecimento porque existe um trabalho que está sendo feito e apesar de ainda ter muito o que fazer, tenho o privilégio de fazer parte desse time que faz”, concluiu.

Fonte: Ascom/CMVC

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