Entretenimento
‘Gravei a temporada toda com um balde embaixo da mesa’, diz Tatá Werneck
Essa, provavelmente, será a primeira entrevista séria que você já viu de Tatá Werneck. Grávida de seis meses de uma menina, a atriz soltou o verbo sobre as dificuldades de sua gestação durante quarenta minutos de conversa pelo telefone, em que chorou emocionada duas vezes (“virei essa pessoa”), e pediu licença para alcançar um dos quatro baldes mantidos em volta de sua cama para os momentos de enjoo — chegou a passar mal 40 vezes em um dia.
— Eu gravava com um balde embaixo da mesa. Na entrevista com Fátima Bernardes, enjoei tanto que peguei o balde e saí — conta ela que, por ter que ficar de repouso, montou ilha de edição em casa e tem virado a madrugada burilando seu programa. — Não queria mascarar o que estava sentindo. Muitas mulheres não podem dizer isso no trabalho, as pessoas acham que é frescura.
O nome da filha, a quem ela e o pai da neném, Rafael Vitti, apelidaram carinhosamente de Mana e Maninha, ainda não foi escolhido (“Rafa queria Cora, eu pensei em Maria, Maria Teresa, ou Manoa…”). O quarto, eles só vão planejar depois que o programa “nascer”.
Quais são os destaques da nova temporada do “Lady Night”?
Continua passando muito mal? Como fez para gravar 11 programas?
Fez questão de mostrar a vida como ela é…
O que dessas mudanças aparecem no programa?
Eu não saio de casa, só para gravar o programa. Mas já ouvi coisas terríveis por estar passando mal e gravando. As pessoas me criticaram muito por eu estar trabalhando grávida e passando mal. Não entendiam que eu queria trabalhar e mostrar essa dificuldade. Várias pessoas diziam: “Me recuso a gravar com uma mulher passando mal”. Aí eu dizia: “Olha, a decisão é minha, não sua”. Tenho uma médica me acompanhando, não estou sendo irresponsável. Quando ela diz para, eu paro. Claro que dá mais trabalho, mas é o programa que tem que se adaptar a mim, e não ao meu programa. As pessoas repetem coisas cruéis sem saber. Quem inventou essa coisa de que gravidez não é doença, por favor, saia do país ( risos ). Claro que o motivo é bom, mas passei muito mal. Amigos querendo ajudar, mas não ajudando, também falam “ah, se não for para você estar maravilhosa, melhor não ir”. Aí é que me dá mais vontade de ir. E não é só homem, não, muita mulher fala isso. As pessoas têm muita vontade de opinar com coisas que não dizem respeito a elas. É uma transformação individual muito grande. Por mais que eu esteja amparada pela equipe, a gravidez tem um lado muito solitário, só a gente sabe o que passa.
Ivete Sangalo, Luciano Huck, com quem tive que desmarcar duas vezes e foi super compreensivo. Silvio Santos, Jô Soares, Fernanda Torres, Adriana Esteves e Marília Gabriela.
Me arrependi de gravar dois programas no mesmo dia. Eu sentia: “Não tenho a menor condição de estar aqui”. Mas depois pensava: “Meu convidado não tem nada a ver com isso”.
Por aí… Minha médica disse que menos de 10% das mulheres têm o que estou tendo, que é hiperêmese gravídica, é um enjoo que não passa. Diminuiu, mas ainda está aqiui. Assim que soube que estava grávida, estava gravando ( a série do Globoplay ) “Shippados”. Achei que tinha sido o sanduíche que tinha comido, que deu mau-humor, irritabilidade, cansaço, sono e enjoo ( risos ). Não imaginei que estava grávida. Do que a gente estava falando mesmo? ( Tatá se esquece do assunto da conversa ). Deixa, vou lembrar, estou fazendo um exercício de eu mesmo tentar lembrar o que estava falando… Senhor, devolva a minha memória!!
Ainda não conseguimos chegar a um acordo. A gente chama ela de Mana, Maninha. Rafa ( seu namorado e pai da bebê, Rafael Vitti ) queria Cora, eu pensei em só Maria, Maria Teresa, ou Manoa… Mana veio daí. Também pensei em… Gente! Esqueci o nome a minha própria filha. O Rafa queria só Teresa. Toda vez que a gente faz a ultra e fala “Clara”, ela pula. Acho que ela quer.
Sempre achei que fosse ter um filho menino porque as pessoas falavam muito isso por causa do meu jeito espevitada. No fundo, quando engravidei, queria muito uma menina. Por isso queria quis ver o resultado sozinha. Não queria mostrar que ficaria triste ( se fosse menino ). Quando soube que era menina, fiquei alucinada, liguei para o Rafa correndo e comecei a gritar!
Ele é surpreendente e incansável. Como não posso ficar muito tempo de barriga vazia, quando abro os olhos, pode ser quatro da manhã, ele desce para preparar meu café. Amarra meu cabelo quando esou passando mal. É de uma gentileza… Fico pensando nas mulheres que precisam lidar com tudo isso sozinhas… Ele teve uma infância lúdica, o sonho dele é morar num sítio pra gente ter horta. Acho que eu aguentaria isso 15 dias.
Sei que existe uma indústria da cesareana, mas como eu já tinha endometriose, sofri muito com dores durante muitos anos, tenho esse trauma da dor absurda. Muitas vezes tive que ficar no soro por causa da dor. Não estou me preparando, vou deixar as coisas acontecerem.
Passei pelas duas fases, fiquei com a libido muito alta, mas como tive descolamento da placenta, não podia transar. Depois, fiquei sem nenhuma. Podia acontecer qualquer coisa que eu preferia ficar dando uma volta na praça (risos). Agora, voltou ao normal. Achei bem legal a experiência de transar grávida. Mas entendo que não estou com disposição de ginasta. Mas eu e Rafa temos uma relação tão bonita, de amor, de cumplicidade… Tem outra coisa: quando estou com Lady Night fico focada. Rafa sempre reclama que ele fica em segundo plano. Ele está na Nicarágua. Eu que dei força pra ele ir. Falei: “Por favor, vai viajar!”. Assim eu posso ficar 12 horas trabalhando no programa…
Minha avó, a denguinho, ajudou muito na minha educação. Ela me ensinou a ter fé. Sempre fui muito religiosa, na minha mesa da sala tem arcanjo Miguel, Jesus, Mãe Maria, Yemanjá, Santo Expedito, um objeto da religião judaica, é um sincretismo. Sempre me preocupei com inclusão, meus pais sempre trabalharam com projetos sociais. Quero que ela seja livre para ser o que quiser, mas que seja ética, íntegra, que não passe por cima de ninguém, que se preocupe com o outro. Me apaixonei pelo Rafa por causa disso, depois veio o abdômen ( risos ). Ele é budista, mas não segue tanto a religião como os pais dele. É preocupada com o outro, gentil com todo mundo. Ela vai nascer tendo mais privilégio do que eu e Rafa tivemos. Queremos que ela tenha consciência desse privilégio, que não será mais especial que ninguém. Que só porque a gente trabalha na TV ela terá meis direito que qualquer outra pessoa.
Em nenhum momento penso estou postando algo para 33 milhões de pessoas. Posto por que achei maneiro, ou porque uma pessoa vai gostar. A galera tem uma preocupação com o feed que parece que saiu de uma paleta de cores. O meu é uma bagunça. Procuro divulgar coisa legais e o meu trabalho. Como sou religiosa, não penso que tenho essa possibildade de falar com tantas pessoas à toa. As pessoas sem noção eu bloqueio. As que são absolutamenre cruéis, às vezes, respondo por direct e já fiz vários amigos assim. Mando mensagem, e a pessoa pede desculpa, diz que não está bem e a gente fica conversando.
Fonte: IBahia