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Tema da redação do Enem ‘é uma conquista enorme’, diz gerente de projetos da ONU Mulheres

O tema da redação do Enem 2023 é visto como “uma conquista enorme” pela equipe da ONU Mulheres. Segundo a gerente de projetos da entidade, Virgínia Gontijo, a expectativa é que o debate sobre a economia do cuidado seja mais discutida pela sociedade, a partir da intepretação que milhares de candidatos precisaram fazer sobre os “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.“Ter esse tema dentro de uma prova como o Enem, que tem uma abrangência de território nacional e que compreende tanto jovens, é uma conquista enorme para a pauta”.

“Vemos com muito bons olhos porque acreditamos que vai alcançar diversos jovens e vai colocar esse debate mais no âmbito social, no âmbito público para que a sociedade cada vez mais se empodere sobre esse tema e que a gente possa de fato avançar para uma sociedade do cuidado, que as necessidades e as prioridades das pessoas estejam no centro, […] para que as mulheres alcancem sua autonomia e empoderamento econômico como também pra que a sociedade possa ter essas necessidades de cuidado atendidas“, afirmou Virginía, que entre outras atividades gerencia um projeto em parceria com a prefeitura de Belém para estabelecer um Sistema Municipal de Cuidados.

Quem realizou a prova na capital paraense também achou o tema da redação “bom” e teve mais facilidade para escrever, como Dinair Moreira, de 60 anos, que é formada em gestão de recursos humanos e realiza o Enem pela segunda vez para realizar o sonho de fazer gastronomia.“Achei [o tema] bom, é um assunto o qual conheço bastante. Fala sobre as pessoas que trabalham como acompanhantes, domesticas, babas, cozinheiras, etc e não têm carteira assinada, não são reconhecidas”, afirmou.

A redação faz parte do primeiro dia de prova do exame e na avaliação de professores ouvidos pelo g1, o tema é a “cara” do Enem por tratar de um problema social relevante e exigir uma boa proposta de intervenção.

A integrante da Onu Mulheres resume a importância do debate:

“Estamos num contexto de mundo de que a demanda pelos cuidados só cresce com o envelhecimento da população, com advento de pandemias, enquanto a oferta pelo cuidado tem diminuído desde a entrada das mulheres no mercado de trabalho e essas mulheres não podem sair do mercado de trabalho, muitas vezes porque precisam sustentar as suas famílias, muitas são chefes de família. Então elas têm que tentar acomodar essas duas dimensões da sua vida, o trabalho de cuidado com família, de crianças, idosos, pessoas com deficiência e o seu trabalho remunerado para que possa sustentar a sua família, isso gera uma carga desigual sobre elasIn“.“Muitas vezes [as mulheres] acabam em situações de informalidade pra poderem ter trabalhos de arranjo flexível, pra que possam acomodar essas duas situações [trabalho remunerado e de cuidados]. Acabam em trabalhos com uma proteção social frágil, recebendo menores salários, o que afeta grandemente a sua autonomia econômica. Além de que perdem desenvolvimento pessoal e profissional, pois têm menos tempo para investir em estudos, investir em qualificação, em trabalho decente e até o lazer, que é tão importante também pra manter a nossa saúde mental em dia. felizmente no Brasil essas mulheres gastam quase o dobro de tempo que os homens realizando esse trabalho de cuidado“.

‘Cuidado é uma responsabilidade compartilhada’

Segundo a ONU Mulheres, o debate sobre cuidados é uma tema de trabalho há bastante tempo da entidade e tem aumentado em todo mundo, reforçando a necessidade da divisão desse trabalho, que ainda acumulado para as mulheres. “Dia 29 de outubro agora comemoramos pela primeira vez o Dia Internacional do Cuidado do apoio, data instituída pelas Nações Unidas que coloca o cuidado na centralidade do debate político”.

Em faculdades e entre iniciativas públicas o tema tem ganhado espaço. “Mas a sociedade ainda não se empoderou desse tema e é extremamente importante que a sociedade se empodere porque só será possível uma sociedade que realmente tenha o trabalho de cuidado dividido de forma igual, não só entre homens e mulheres, mas entre estado, entre as comunidades, entre as famílias e entre as e o setor privado se tivermos uma mudança, uma transformação cultural”, diz.

“Que as pessoas entendam que as mulheres não nasceram mais aptas para cuidar, como é vista pelos estereótipos de gênero que foram criados, e sim que elas aprendem a cuidar como todos nós e que por isso essa responsabilidade não deve cair no ombro delas. É sim é uma responsabilidade compartilhada entre todos e todas, já que todos e todas precisamos de cuidado em alguma fase da nossa vida”, afirma.

A questão da “economia do cuidado” foi objeto de um episódio do podcast “O Assunto”, que tratou, entre outros pontos, do fato de que, na média, mulheres passam o dobro do tempo que homens em funções domésticas e de cuidado com filhos e/ou demais familiares (ouça o episódio abaixo).

Fonte: G1

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