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Poções: ‘Meu apoio para o resto da vida’, diz mãe de adolescente trans que teve casa apedrejada após reivindicar direito em escola

A mãe do adolescente trans que teve a casa apedrejada após reivindicar o direito na escola disse que não vai parar de apoiar o filho. Na última terça-feira (7), a Secretaria Municipal de Educação da cidade de Poções, no sudoeste da Bahia, informou que o colégio que ele estuda adotou o nome social, como pedido. “Eu acredito que depois de toda essa história, a minha estrada dentro da família LGBT está se iniciando, porque meu filho vai ter meu apoio para o resto da vida e todas as outras crianças vão ter meu apoio”, disse a mulher, que prefere não revelar a identidade.

Nas janelas da casa da família ficaram as marcas da transfobia. Desde abril deste ano, a mãe do adolescente tem enfrentado diversos problemas depois que procurou a escola para que o nome social do filho fosse adotado.

O adolescente de 12 anos, transgenero, já usava o nome social entre amigos e em casa e queria que esse direito fosse garantido também na escola.

“Quando eu procurei a gestora da escola, eu fui até muito bem acolhida e recebida por ela, porém creio eu que por falta de conhecimento, por nunca ter tido essa situação na escola, ela pediu que eu procurasse a secretaria”, afirmou a mulher.

“Quando eu procurei a secretaria eles falaram que seria necessária uma resolução para que abrangesse todo o município”.

Depois de encontrar dificuldades na escola a mãe do adolescente buscou apoio na Câmara de Vereadores do município. Uma vereadora então apresentou um projeto de lei na Câmara Municipal.

A proposta prevê a adoção do nome social de pessoas trans nas escolas e outros ambientes de Poções. Com a repercussão do caso, os ataques de transfobia começaram.

Secretaria de Educação adota nome social de jovem trans que teve casa apedrejada após reivindicar direito em escola — Foto: Ministério Público da Bahia (MP-BA)

Secretaria de Educação adota nome social de jovem trans que teve casa apedrejada após reivindicar direito em escola — Foto: Ministério Público da Bahia (MP-BA)

Foram vários ataques à casa da família em diferentes noites: tapas na parede, gritos, murros no portão da casa, desligamento da energia e o mais grave de todos: o vidro da janela da sala foi quebrado durante a madrugada.

“A gente estava dormindo, aí veio aquele barulhão, bateram na janela, na porta e gritaram lá fora”, relatou a mãe do adolescente.

Apesar de existir legislação federal e ainda normas estaduais que garantem às pessoas menores de 18 anos o direito de ter o nome social adotado nas escolas, esse direito era desconhecido pela direção da escola e por grande parte da população do município.

O assunto passou a ser discutido na Câmara de Vereadores e se tornar projeto de lei.

“A gente sabe que a utilização do nome social na escola é uma estratégia contra a evasão escolar, visto que a gente tem essa realidade no município, que o eu acontecia antes fora da escola, acontece dentro da escola, e por isso a gente escuta a falar mais sobre isso”, afirmou a vereadora Larissa Laranjeira (PCdoB).

“Esse direito precisa ser garantido para manter a permanência do aluno na escola. A gente trouxe a temática para a Câmara Municipal e o Município precisa instituir a sua própria política”, concluiu.

Segundo a Secretaria de Educação do município, houve um desconhecimento da legislação por parte da escola por se tratar do primeiro caso de solicitação de adoção do nome social na rede municipal de ensino.

Ainda segundo a secretaria, a alteração já foi realizada e outras medidas estão sendo adotadas para que a situação não se repita.

Além dos ataques a residência, o caso ganhou repercussão nas redes sociais. Um pastor evangélico da cidade convocou um grupo de religiosos para inibir que o projeto de lei fosse votado na Câmara de Vereadores, e se referiu a proposta como uma “aberração”.

Por meio de nota, o pastor nega as acusações de transfobia e disse não ser possível comprovar que os áudios divulgados por ele nas redes sociais tenham relação com a violência sofrida pela família em casa.

Para a advogada da família, Amanda Souto, o pastor deve ser responsabilizado judicialmente.

Segundo o coletivo “Nós da diversidade”, que apoiou a família nas conversas com a Secretaria Municipal de Educação, o caso do adolescente traz a tona questões que precisam ser cada vez mais discutidas para que os ataques transfóbicos parem de acontecer.

Além do suporte do coletivo municipal, a mãe e o adolescente tem recebido apoio de diversas partes do país. Uma arrecadação de dinheiro online foi criada por um empresário de Brasília para ajudar a família.

Com esse apoio e amor de tantas pessoas, mãe e filho seguem lutando no combate a transfobia. “As mães que tiverem compreendendo todo esse processo têm meu apoio e eu não tenho intenção de parar de lutar pelo meu filho”, disse a mãe do adolescente.

Fonte: G1Bahia

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