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Artigo: Balconista

Trabalhava em uma casa comercial que vendia desde baixela a produtos de candomblé, como banhos, defumador, incenso, pembas, quebra feitiço, comigo ninguém pode, sai de mim, pega homem etc. Nas cidades pequenas, é costumeiro as casas comerciais venderem produtos diversificados. Em uma mesma loja, compra-se uma grande variedade de artigos.

O empregado em evidência sobressaia-se pela sua aptidão de bom balconista. Por essa razão, era o preferido da freguesia. Tinha conhecimento de todos os produtos e transmitia as informações com bastante presteza aos clientes, dando-lhes sugestões e indicações que agradava ao comprador. Era exímio vendedor. Embora ganhasse apenas a salário combinado, não tinha hora para sair do trabalho, ainda que não recebesse horas-extras. Fazia-o por responsabilidade da profissão que ele desenvolvia por vocação. Sentia prazer com o que fazia.

Conta ele que, apesar de não ter o reconhecimento do seu trabalho e do seu esforço e da sua competência, era disputado por outros comerciantes, de forma que emprego não lhe faltava, mas o seu objetivo era estabelecer-se por conta própria. “Apesar de tudo, foi nesse emprego que adquiri experiência e me descobri vendedor, tendo em vista a procura e a conquista de clientes que faziam questão do meu atendimento”.

Certa feita, o dono da loja foi a São Paulo e ao Rio de Janeiro fazer compras, e o comércio ficou sob a sua responsabilidade. Uma senhora vistosa, bonita, de meia-idade adentrou no estabelecimento e perguntou pelo dono. O funcionário, diligente, disse-lhe que ele não estava, mas o substituía. Perguntou-lhe qual o problema, o que desejava ela.

A mulher, desconfiada e envergonhada, relatou que queria um produto que afastasse dela o seu marido. Em resumo, queria livrar-se dele em favor do compadre, por quem estava apaixonada. O vendedor, em atenção ao desejo da cliente, indicou: o pó sai de mim para ser usado no marido, e o pó pega homem, no compadre. Afiançou-lhe que os produtos indicados realizariam a vontade da freguesa. O resultado não se sabe…

Trabalhador, inteligente e aplicado, solicitou do patrão que lhe fornecesse algumas mercadorias que seriam revendidas por ele nas feiras livres, no seu período de folga. Isso aumentava o seu rendimento e financeiramente alimentava o seu objetivo. Certo tempo depois, vendo-se já em condições de negociar por conta própria, pediu demissão do emprego e continuou como vendedor autônomo nas feiras, por algum tempo, até montar a sua loja.

Hoje, é um comerciante bem-sucedido, do seu trabalho provém a sua independência financeira e econômica. Casou-se, criou e educou os filhos, dando-lhes ensinamentos de bom comportamento e a oportunidade de seguirem o seu exemplo de trabalho, estabelecendo-se comercialmente sob sua orientação.

É pessoa bem-conceituada, dispõe de crédito comercial e bancário, cumpre rigorosamente as suas obrigações sociais, desempenha um trabalho honesto e presta serviço de qualidade e confiança. Orgulha-se da sua honestidade e diz: “A nossa meta é servir bem ao cliente sem explorá-lo, dispensando-lhe a devida credibilidade. Esse procedimento marca o nosso trabalho honrado e de confiança, daí o nosso sucesso. Não sou melhor que ninguém, mas o cliente é o nosso maior patrimônio, a ele direcionamos preços competitivos, produtos e serviços de qualidade e atendimento atencioso. É em virtude desses atributos que estamos sobrevivendo à concorrência desenfreada e, muitas vezes, desleal”, declarou o nosso exímio vendedor.

Bem-falante, diz: “Diante do exposto, sou uma pessoa feliz, vivo a vida conforme o meu entendimento, a minha visão e conceitos que caracterizam a minha personalidade”.

Segundo Zeca Pagodinho:  “Eu já passei por quase tudo nessa vida/ […] Confesso que sou de origem pobre/Mas meu coração é nobre/Foi assim que Deus me fez/ […] ”

A gente conta o milagre, mas não diz o nome do santo.

 

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Antonio Novais Torres

antorres@terra.com.br

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