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Resistência, força, proteção e tudo que há por trás da beleza dos turbantes

Provavelmente você já deve ter percebido nas ruas um grande número de mulheres usando turbantes. Você também já deve ter se perguntado: será uma nova moda? A estudante de medicina veterinária, Laíse Souza garante que não.

“Estaria renegando toda uma história, uma construção cultural e de valores, estaria renegando a mim mesma se o usasse somente enquanto acessório. Não mesmo! Quando decidi assumir meu cabelo, me assumir, comecei a usar tranças na primeira transição e depois me aprofundando no que já fazia que era usar lenços e torsos (que ainda nem sabia que levava esse nome), comecei a usar os turbantes. Comprei o primeiro corte de malha e nunca mais parei”, explicou a estudante.

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Existe uma teoria no candomblé que defende que o turbante serve para proteger a cabeça, principalmente no terreiro, onde se tem contato direto com os orixás. A jornalista, Lu Mota é adepta do candomblé e explica todos os motivos que ela tem para usar frequentemente o acessório.

“Entendo que o uso do turbante por nós, mulheres negras é resistência, apesar, de algumas pessoas não enxergarem como. E não vejo o uso do turbante usado por mulheres brancas como apropriação dita por muitos, pelo sistema que vivemos que visa o nicho do mercado e o consumo, populariza e usa de outras culturas (minorias) e ganha em cima, deixando a raiz de lado. Mas não vejo problema em alguém comum usar também. Eu quando uso é uma afirmação de identidade que me espelho, da minha religião e ancestralidade que tento respeitar. E sei que o uso de turbante não é apenas dos africanos, o dele é diverso, mas as minhas amarrações são essas”, explicou a jornalista.

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A cabeleireira Bruna Manuelle, também usa turbante e confessa ser apaixonada pela cultura africana.

“Meu sonho era ter nascido preta, como me faltou a melanina. Me sinto uma preta quando estou de turbante”, contou Bruna.

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Diferente de Lu, Bruna não é adepta do Candomblé, ela pertence a religião espírita, mas reconhece a importância do acessório para as mulheres negras.

“Assumi meu cabelo natural. Tem 1 ano e 5 meses, que deixei a química para trás e para mim nunca foi uma questão de modinha. Eu cheguei a um ponto de não me reconhecer mesmo, de falar não essa não sou eu e senti a necessidade de voltar às origens. Acho que o turbante casa muito bem com tudo isso”, destacou Bruna.

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Quando se olha no espelho, Bruna diz se ver negra, mas não é bem assim que as pessoas a enxergam.

“Sofro bullying por isso. Minhas amigas dizem: Se liga oh amarela! Mas eu não me vejo assim. Tenho um sangue negro, que pulsa nessas veias. Eu sempre me declaro negra em tudo, eu sou negra e pronto”, declara Bruna.

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Apesar de lembrar sempre da simbologia religiosa, o turbante pode sim ser usado como acessório para agregar beleza ao visual.

“Eu brinco que aqui uns dias vou usar lençol na cabeça, de tão grande que quero. Quanto maior mais bonito. Chama muito a atenção”, explica Lu.

Lu usou turbante até mesmo na colação de grau do curso de jornalismo. Uma forma de se sentir mais bonita e protegida.

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“Na realidade, eu queria usar, mas havia desistido, porem minha mãe fez homenagem pra mim, ai mandou todo mundo usar no dia fiquei super emocionada e usei também, claro. Me senti muito amada e feliz”, finalizou a jornalista.

Por: Laiane Albuquerque

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