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Queda nas bolsas e tensão na Europa refletem temor com a ‘Era Trump’

Flávio Oliveira e agências

Tudo começou com uma piada. Há 16 anos, um episódio da série Os Simpsons brincou com a possibilidade e colocou o magnata Donald Trump como presidente dos EUA. O magnata, apresentador de um reality show na TV  – O Aprendiz, da Record, é a versão brasileira do programa – se colocou para disputar as prévias do partido Republicano. Mas a piada virou realidade. Trump foi eleito e o mundo agora se pergunta se o seu discurso vai virar realidade e quais serão as consequências disso.

Trump vai ter apoio de Congresso: seu partido, Republicano, elegeu a maior parte deputados e senadores. Também terá maioria na Suprema Corte, pois caberá a ele indicar um novo juiz. As primeiras reações a sua eleição vieram ontem mesmo do mercado financeiro.  As bolsas asiáticas e de países emergentes fecharam em baixa. O Ibovespa, caiu 1,4%. Com aversão ao risco, os investidores correram para o dólar, tido como um ativo seguro. No Brasil, a moeda se valorizou 1,57%, aos R$ 3,22.

Promessas
As incertezas são muitas e geradas pelo próprio Trump. Ele prometeu durante a campanha retirar os EUA da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma aliança militar para defender a Europa ocidental. Em uma sociedade multicultural, atacou latinos e garantiu construir um muro na fronteira com o México. O governo do México, que sentiu forte desvalorização cambial ontem, reforçou que é contra a medida e avisou  que não vai pagar pela obra.

As propostas apresentadas por Trump na campanha também preveem medidas protecionistas, na contramão da globalização, que, se adotadas, vai afetar todo o comércio do mundo, com reflexos em empresas e trabalhadores de todos os continentes.

Na política externa, o republicano demonstrou apoio a líderes como Vladimir Putin, da Rússia. Os europeus consideram Putin uma ameaça. As promessas de Trump, se cumpridas, também podem levar a um retrocesso nas políticas contra o aquecimento global, tido por ele como uma “balela”. Para Trump, as medidas aprovadas para preservar o meio ambiente tornam as empresas americanas menos competitivas. Os EUA, ao lado da China, são o país que mais emite os gases causadores do efeito estufa.

Conservadores
Ainda assim, a vitória de Trump foi saudada pelo líderes mundiais. Muitas deles de forma protocolar, como a  primeira-ministra inglesa Thereza May. “Nós somos, e continuaremos a ser, parceiros fortes e próximos em matéria de comércio, segurança e defesa. Estou ansiosa para trabalhar com  Donald Trump”.

Outras, críticas, como a da Venezuela. “O governo bolivariano da Venezuela felicita o presidente eleito  e espera que, no futuro, seja garantido o progresso e que prevaleça o respeito à soberana dos países e ao direito à autodeterminação dos povos”.

Felicitações em tom de comemoração vieram de países ou de líderes que enfrentaram dificuldades com o governo de Barack Obama. “Temos esperança de que seja realizado um trabalho mútuo para tirar as relações entre Rússia e Estados Unidos de sua situação crítica”, comunicou a Rússia.

O ministro da Educação de Israel, Naftali Bennett, afirmou em um comunicado pessoal que “a vitória de Trump oferece a Israel a possibilidade de se renunciar imediatamente à ideia da criação de um Estado palestino. Esta é a posição do presidente eleito e esta deve ser nossa política. A era de um Estado palestino ficou para trás”.

Brasil
Em telegrama enviado na manhã de ontem a Trump, o presidente Michel Temer (PMDB) desejou “pleno êxito” ao republicano e disse estar certo de que os dois países trabalharão juntos para estreitar “os laços de amizade e cooperação”. Na mensagem, o peemedebista ressaltou que o Brasil e os EUA compartilham valores e mantêm, historicamente, fortes relações nos mais diferentes domínios.

Em entrevistas a rádios após o resultado, Temer disse que a relação do Brasil com os Estados Unidos “não muda em nada” com a vitória do republicano. “Assim como os demais países, a relação é institucional, ou seja, de Estado para Estado”, acrescentou.

EUA devem manter o Brasil em 2º plano
O Brasil tende a seguir como coadjuvante nas relações comerciais dos Estados Unidos após o início do mandato de Donald Trump, na avaliação de especialistas. Segundo eles, as atenções de Trump  deverão estar voltadas para a China. Mas, apesar de não ter feito parte da pauta do futuro presidente na corrida eleitoral, o mercado brasileiro poderá ser afetado indiretamente, caso sejam aplicadas medidas mais radicais de protecionism.

Na campanha, Trump criticou a postura comercial chinesa e ameaçou impor tarifas de 45% sobre os produtos importados do país. “Erguer barreiras apenas contra importações chinesas ou um grupo específico de países  contraria regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)”, lembra  Rafael Dix Carneiro, da Universidade Duke, na Carolina do Norte.

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