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Caso ‘Dr. Bumbum’ levanta polêmica sobre procedimentos estéticos; veja perguntas e respostas

A morte da bancária Lilian Calixto (46) após realização de um procedimento estético em um apartamento na Barra da Tijuca (RJ) tem levantado dúvidas a respeito de procedimentos para preenchimento. Nessas técnicas, são usados materiais em camadas da pele para aumentar volume, minimizar rugas ou harmonizar a pele no caso de outras deformações. O uso de preenchimento não é novidade na dermatologia, nem na cirurgia plástica, mas a pergunta que fica depois do caso é em quais circunstâncias podem ocorrer complicações graves.

No caso da bancária, foi apreendido na casa do médico que realizou o procedimento o PMMA (polimetilmetacrilato). Trata-se de um tipo de acrílico usado para preenchimento. Niveo Steffen, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica em São Paulo, diz que não há estatísticas exatas sobre as complicações do PMMA, mas que procedimentos com a substância não são aconselháveis e há muitos relatos de complicação.

“Todo o procedimento tem riscos e, para evitá-los, tudo precisa ser feito com profissionais adequados, especializados na área e em lugares preparados para complicações”, diz Steffen. “No caso do PMMA, seu uso não é indicado e ele vai contra tudo o que é recomendado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Ele não é absorvido pelo organismo e esse é um problema com ele”, informa.

Steffen explica que outros produtos usados para preenchimento, como ácido hialurônico, são absorvidos, o que os torna mais seguros – mas não isentos de complicações. “O ácido hialurônico mesmo, se não for bem aplicado, pode dar problema”, diz.

Em parecer do Conselho Federal de Medicina em 2013, entidades já apresentavam denúncias a respeito da técnica conhecida como bioplastia, que usa o PMMA. “Diversos médicos renomados relatam em seus consultórios que a falta de uma solução para o problema está acarretando aos pacientes graves complicações”, diz a entidade.

“Quadros começam simples, com inflamações e inchaços temporários e chegam a quadros mais complexos, como deformidades permanentes e necrose do tecido. Nos casos mais graves, foram relatados cegueira permanente”, disse o CFM.

Qual a real causa da morte da bancária? Já há confirmação?

Não há um laudo sobre a causa da morte da bancária Lilian Calixto, de 46, que saiu de Cuiabá para o Rio de Janeiro para realizar preenchimento nos glúteos. De acordo com o hospital, Lilian chegou em estado extremamente grave e morreu no início da madrugada. Uma substância conhecida como PMMA, no entanto, foi apreendida na casa do médico. Não há confirmação de que a morte tenha sido causada pelo composto, embora o Conselho Federal de Medicina e entidades médicas já tenham alertado sobre os riscos do uso.

 O que é a bioplastia e o PMMA?

Bioplastia é o nome que se dá para procedimentos realizados com PMMA (Polimetilmetacrilato), um tipo de acrílico. Como o PMMA também é chamado de bioplástico; daí o nome bioplastia. “É um termo inventado para determinar procedimentos com o chamado bioplástico [o PMMA]”, diz Niveo Steffen, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica em São Paulo.

Apesar de receber o nome de “bioplástico”, o PMMA não é absorvido pelo organismo, diz Steffen. O PMMA é usado na indústria para a produção de canetas, placas, faróis, etc. Nos procedimentos cirúrgicos, são aplicadas microesferas do produto.

 “O PMMA não é um produto absorvido pelo organismo. E esse é um grande problema dele”, diz Niveo Steffen, presidente da Sociedade de Cirurgia Plástica.

Como o polimetilmetacrilato é aplicado?

Com anestesia local e a introdução de uma microcânula, uma espécie de agulha, no local em que se quer o preenchimento. É um procedimento simples, mas perigoso pela característica do material.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, por mais simples que seja, qualquer procedimento cirúrgico deve ser feito em ambiente hospitalar, com salas preparadas para qualquer complicação – o que não foi o caso da aplicação pelo “Dr. Bumbum”, que fez o procedimento em um apartamento na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Quais são os riscos do produto?

Como não é absorvido pelo organismo, o PMMA pode trazer reações inflamatórias. Ele também dificilmente pode ser retirado do corpo. “Dá para tentar retirar uma parte, mas não tudo”, explica Steffen.

Uma vez na corrente sanguínea o produto pode entupir uma artéria, acarretando em paradas cardíacas, ou acidente vascular cerebral ou embolia pulmonar.

Todas essas situações ocorrem porque o material impede que o sangue, que carrega alimentos e oxigênio chegue ao órgão: no coração, é a parada cardíaca, no pulmão, é a embolia e no cérebro, o AVC.

 Quem pode fazer o procedimento?

Para a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, ninguém deveria usar o produto pelas altas complicações que ele pode trazer.

Apesar de ser aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), há produtos mais modernos para corrigir deformações provocadas pela doença e a medicação, informa Niveo Steffen, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

No Sistema Único de Saúde o PMMA é utilizado em procedimentos seguros para o fim de correções de deformações advindas do uso de antirretrovirais em pacientes com HIV/Aids.

A ex-modelo Andressa Urach chegou a injetar a substância, mas teve complicações por causa de outra intervenação com hidrogel. O produto também é aprovado pela Anvisa, mas deve ser usado em situações muito específicas e em pouca quantidade.

O que pode ser usado em vez do PMMA?

Niveo Steffen informa que hoje é mais utilizado o enxerto de gordura para aumentar volume, mais seguro e totalmente compatível com o organismo. Para preenchimento, como é o caso de produtos usados para a correção de rugas, por exemplo, ácido hialurônico e botox são seguros e compatíveis. O próprio silicone médico também pode ser usado e tem maior compatibilidade, informa Niveo Steffen.

O PMMA é regulamentado? O que diz a Anvisa?

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informa que o PMMA tem registro desde 2004 com validade até 2024. A substância é usada em uma variedade de produtos para a saúde, como dentes artificiais e implantes.

“Sob a forma de microesferas, a técnica é utilizada para correções de pequenas assimetrias. Pode ser utilizada em procedimentos estéticos para corrigir rugas ou restaurar pequenos volumes perdidos pela idade”, diz a agência.

A agência informa também que qualquer uso da substância não prevista em bula é aplicada por conta e risco do médico que a prescreve.

Quanto custa?

Há relatos de que pacientes chegam a pagar R$ 20 mil pelo procedimento. Para a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, além de ser perigoso e não dever ser feito, o preço para o PMMA “nem se justifica por ser um material barato”, diz Niveo Steffen.

Há estudos científicos sobre o tema?

Em parecer, sobre a bioplastia emitida em 2013, o Conselho Federal de Medicina afirmava não haver “estudos sobre o comportamento a longo prazo deste produto usado no corpo humano para preenchimentos, principalmente em grandes volumes e intramuscular”. Após essa constatação, o CFM só autorizou a aplicação em produtos em pequenas quantidades.

Como descobrir se um médico é confiável?

Vale checar se o médico tem registro no Conselho Regional de Medicina na região em que atua. No caso do médico conhecido como “Dr. Bumbum” ele não tinha registro para atuar na cidade do Rio de Janeiro.

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica também disponibiliza uma consulta em seu site para saber se o profissional é ou não credenciado pela sociedade para realizar uma cirurgia plástica.

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) informou que vai investigar as denúncias da morte de Lilian, além de notificar a Polícia Federal sobre o caso.

Segundo Niveo Steffen, a aplicação de produtos estéticos sofre de dois problemas. Um deles é a aplicação por profissionais que não são médicos. “Tem dentista, enfermeiro e biomédico que aplica”, diz. Outra questão é sobre a aplicação por médicos que não têm especialização da área.

“Eu sou médico, mas eu não tenho preparo para fazer uma cirurgia cardíaca. O mesmo ocorre na cirurgia plástica. Um curso de final de semana não habilita uma pessoa para realizar esses procedimentos”, diz Steffen.

Como saber se posso confiar no lugar em que vou fazer o procedimento ?

Um procedimento, mesmo que seja minimamente invasivo, precisa ser feito em um ambiente preparado, um hospital ou um centro cirúrgico com aparelhamento para qualquer problema que precise de atendimento profissional em uma emergência, informa Francesco Mazzarone, diretor do Serviço de Cirurgia Plástica da Santa Casa.

“Não pode fazer em nenhuma estrutura que não seja um consultório equipado, uma clínica, ou um hospital. Não pode em apartamento, nem em cabeleireiro, nem em centro de estética” — Francesco Mazzarone (Santa Casa).

“É absolutamente inadimissível fazer o procedimento em um apartamento”, diz Niveo Steffen, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica em São Paulo.

Fonte: Bem Estar

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