Direito à cidade e educação étnico referenciada foram debatidos em 2º Encontro dos Povos de Axé 

Durante todo este domingo (24), povos de terreiro, educadores e público interessado estiveram reunidos no 2º Encontro dos Povos de Axé, que aconteceu no Memorial Régis Pacheco, com a participação do secretário municipal de Desenvolvimento Social, Michael Farias. O evento propõe reflexões sobre as religiões afro-brasileiras em interface com a sociedade, e nesta edição centrou as discussões no direito às cidades dos povos de terreiro e na educação étnico referenciada.

“O 2º Encontro dos Povos de Axé tem uma importância muito significativa, porque é o momento em que a sociedade civil debate com o poder público temáticas relacionadas ao Povo do Axé”, explicou o coordenador municipal de Promoção da Igualdade Racial, Ricardo Alves. “Então é um momento de reflexão, de debate e de construção coletiva, para o desdobramento das lutas diárias que a Igualdade Racial tem no município”, concluiu.

O evento é fruto de uma parceria da Prefeitura de Vitória da Conquista com a Rede Caminho dos Búzios. A secretária da Rede, Fabiana Silva Santana, falou sobre a importância de promover esse debate. “A Rede Caminho dos Búzios tem uma importância extremamente grande dentro de Conquista, por ser uma cidade muito preconceituosa e muito racista. Ela traz a junção e a visibilidade para o Povo de Santo, que muitas vezes é esquecido e muitas vezes é marginalizado. E isso faz com que a gente se fortaleça com essa visibilidade, com esse entendimento. E levando conhecimento de que as religiões de matrizes africanas precisam ser respeitadas”, afirmou.

O professor Ademar Cirne foi um dos palestrantes do evento, abordando o racismo religioso contra crianças e jovens nas escolas. “A gente entende que o combate ao racismo e ao racismo religioso precisa começar ainda na idade infantil, porque ninguém nasce assim. E o momento de aprendizado é exatamente o momento das primeiras letras, no momento do Ensino Fundamental. E se a gente tiver condições de, a partir desse momentos na escola, que é um espaço onde boa parte da criança e do adolescente passa mais tempo, passa até mais tempo do que passa em casa, é muito importante discutir”, disse.

O professor também falou sobre a urgência da efetivação da lei obriga o ensino de história da África e de cultura afro-brasileira nas escolas e universidades, que, embora esteja em voga desde 2003, na prática é pouco cumprida.

Albina Maria dos Santos veio do povoado de Simão participar do encontro, juntamente com outros membros do Terreiro Oxóssi Martin da Quibanda. “A gente é da umbanda, e a gente acha importante participar pra saber mais. Talvez se as outras pessoas se juntassem também, pra juntar e mostrar o que é a gente, o que é a pessoa do santo”, contou.

Programação – Além da palestra de Ademar Cirne, o evento também discutiu Racismo Ambiental e Direito à Cidade, por meio do professor Cláudio Carvalho. Ao longo do dia, aconteceram ainda apresentações culturais e oficinas temáticas, e no final da tarde, o tradicional Xirê dos Orixás.