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Caso Henry: história marcada por crueldades chamou atenção da polícia

RIO — Entre os elementos colhidos pela Polícia Civil na investigação do caso da morte do menino Henry Borel, de 4 anos, chamou atenção dos agentes envolvidos os indícios da crueldade que teria sido praticada pelo vereador Dr. Jairinho (Solidariedade) e supostamente sob anuência da mãe da criança, a professora Monique Medeiros da Costa e Silva. Os policiais afirmam que o garoto levava chutes, bandas e pancadas na cabeça.

Após dias ouvindo testemunhas, confrontando versões, e analisando diálogos do casal em seus smartphones feitos em dias próximos ao crime, a polícia prendeu na manhã desta quinta-feira o casal, acusado de envolvimento na morte de Henry. Relembre abaixo alguns dos principais pontos que despertaram atenção dos investigadores:

Ordem cronológica: Confira a linha do tempo das investigações sobre a morte do menino

Henry tinha medo do “Tio Jairinho”, a forma como ele se referia ao vereador, e, um mês antes da sua morte, contou ao pai que ele dava “abraço forte”. O engenheiro Leniel Borel de Almeida disse então ter pedido ao vereador para que não o abraçasse mais, e que teria sido atendido durante a conversa.

Menino não queria voltar à casa do padrasto

Leniel Borel com o filho, Henry, de 4 anos Foto: Reprodução/Instagram
Leniel Borel com o filho, Henry, de 4 anos Foto: Reprodução/Instagram

Depois de passar seu último fim de semana com o pai, Henry reluta em voltar para a casa, no Condomínio Majestic, na Barra da Tijuca, onde vivia com a mãe e o padrasto. Ao chegar, ele passa mal e vomita.

Henry passou mal ao chegar ao condomínio da mãe

A última imagem de Henry com vida é captada por câmeras do condomínio. A mãe relatou aos policiais que, como ele passava mal, ela foi levá-lo até uma padaria próxima. Na volta, o circuito interno mostra ela, o filho e Dr. Jairinho dentro do elevador. O vereador, que teria ido recebê-los na entrada do prédio, faz um carinho nas costas de Henry, que está no colo da mãe e não se mexe.

Médico, Dr. Jairinho não tentou reanimar o menino ao encontrá-lo desmaiado

A morte de Henry aconteceria na madrugada do dia seguinte. Monique e Dr.Jairinho contam, em depoimento, que viram uma série na TV, no domingo (7 de março) e pegaram no sono. Ao acordarem, encontrarem o menino de 4 anos respirando mal e com olhos revirados no quarto do casal. Jairinho, embora seja formado em Medicina, não tentou reanimá-lo. À polícia , justificou que na última vez que tinha feito massagem cardíaca estava na faculdade e nunca exercera a profissão.

No hospital, vereador buscou conhecido para agilizar atestado de óbito

No hospital Barra D’Or, os médicos tentam reanimar Henry, que não resiste. Dr. Jairinho quer agilizar o atestado de óbito e tenta evitar que o corpo seja examinado pelo IML. Ele chega a acionar um conhecido, que é executivo da área de saúde, para ajudá-lo, mas equipe médica do hospital desconfia de hematomas e diz se tratar de morte suspeita.

Indignação: ‘Como pode uma mãe apoiar um negócio desses?’, diz pai do menino Henry após prisões

Laudo mostrou uma série de lesões pelo corpo com sinais de agressões

Laudo de necropsia do Instituto Médico-Legal mostra que Henry tinha sinais de agressões no corpo, por ação contundente: o menino sofrera  “múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores”, “infiltração hemorrágica” na parte frontal, lateral e posterior da cabeça e tinha “grande quantidade de sangue no abdômen”, “contusão no rim” e “trauma com contusão pulmonar”. A partir disso, então, a polícia decide instaurar um inquérito.

Faxina após a morte e antes da perícia

Condomínio Majestic, na Barra, onde Henry morava com a mãe e o padrasto Foto: Paolla Serra / Agência O Globo
Condomínio Majestic, na Barra, onde Henry morava com a mãe e o padrasto Foto: Paolla Serra / Agência O Globo

Na manhã da segunda-feira (dia 8), logo após a morte da criança, a empregada da casa chega no apartamento do casal e faz a limpeza do imóvel normalmente. Ela diz que não foi informada sobre o que tinha acontecido com Henry. Polícia diz que faxina prejudicaria a perícia.

Mensagens apagadas

Celulares de Dr.Jairinho e de Monique são apreendidos pela polícia que descobre mensagens apagadas. Defesa do casal tentou na Justiça que provas colhidas nos equipamentos não fossem consideradas, alegando que apreensão de aparelhos teria sido irregular. Mas pedido é negado.

Ausência em reprodução simulada
Peritos com o boneco que será usado na reprodução simulada no condomínio Majestic, na Barra, onde o menino Henry morava Foto: Domingos Peixoto / O Globo
Peritos com o boneco que será usado na reprodução simulada no condomínio Majestic, na Barra, onde o menino Henry morava Foto: Domingos Peixoto / O Globo

No último dia 1º, a equipe técnica da investigação, sob o comando do delegado Henrique Damasceno, faz a reprodução simulada da morte da criança no Condomínio Majestic, na Barra. Um boneco é usado no lugar de Henry. O casal, fundamental para esclarecer as circunstâncias da morte, não comparece na ocasião.

Porta-retratos trocados

Porta-retrato com foto de Henry exposto no apartamento de Dr. Jairinho e Monique, e outros guardados em sacola Foto: Reprodução
Porta-retrato com foto de Henry exposto no apartamento de Dr. Jairinho e Monique, e outros guardados em sacola Foto: Reprodução

Após a morte de Henry, porta-retratos do casal que estavam no apartamento foram substituídos por outros com fotos de Henry. As fotos antigas mostrando apenas Dr.Jairinho e Monique são encontradas dentro de uma sacola perto do quarto de empregada. Polícia desconfia que cenário foi “montado”.

Mãe gastou R$ 240 em salão de beleza no dia seguinte ao enterro do filho

No dia seguinte ao enterro de Henry, no Cemitério Murundu, em Realengo, a mãe vai a um salão de cabeleireiro a cinco minutos do Condomínio Majestic, na Barra da Tijuca, onde faz serviços de manicure, pedicure e escova no cabelo por R$ 240 reais. Ela é atendida por três profissionais do estabelecimento.

Presos por homicídio duplamente qualificado

RI - Rio de Janeiro, RJ. 08/04/2021. CASO MENINO HENRY - Mãe (Monique Medeiros) do menino e Vereador Dr. Jairinho serão indiciados por tortura e homicídio duplamente qualificado. Fotografia: Brenno Carvalho / Agência O Globo. Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
RI – Rio de Janeiro, RJ. 08/04/2021. CASO MENINO HENRY – Mãe (Monique Medeiros) do menino e Vereador Dr. Jairinho serão indiciados por tortura e homicídio duplamente qualificado. Fotografia: Brenno Carvalho / Agência O Globo. Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

Nesta quinta-feira, dia 8, Jairinho e Monique foram presos pela morte da criança. Eles serão indiciados por homicídio duplamente qualificado. Após um mês de investigações, o delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), acredita ainda que o casal torturou o menino Henry sem chance de defesa. Se condenados, eles podem ficar até 30 anos presos.

Babá mentiu em depoimento e havia avisado mãe sobre agressões

Após a prisão do casal, a polícia revelou que conseguiu recuperar mensagens trocadas entre a professora e a babá do menino, em 12 de fevereiro, que mostram a funcionária alertando a patroa sobre as agressões cometidas por Jairinho. Segundo a polícia, A funcionária mentiu ao garantir em depoimento que a família vivia em harmonia e que nunca havia presenciado nenhuma anormalidade no apartamento onde moravam no condomínio Majestic, na Barra da Tijuca. Os investigadores já sabem que Henry levava do parlamentar chutes, bandas e pancadas na cabeça com o conhecimento da mãe.

O que mostra o inquérito

O inquérito aponta que menino chegou ao condomínio Majestic, no Cidade Jardim, levado pelo pai, o engenheiro Leniel Borel de Almeida, por volta de 19h20 do dia anterior à morte. Monique teria dado banho no filho e o colocado para dormir no quarto que dividia com Jairinho. Por volta de 3h30, quando já tinham pego no sono após assistir uma série na televisão, de acordo com depoimento, a professora e o vereador disseram ter encontrado a criança caído no chão do cômodo, com pés e mãos gelados e olhos revirados.

Eles, então, levaram Henry para a emergência do Hospital Barra D’Or, onde as médicas garantem que Henry já chegou morto e com as lesões descritas nos laudos de necropsia.

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