Conquista: Prefeitura inicia distribuição de absorventes a mais de 13 mil alunas da rede municipal

“Vamos seguir juntas e mostrar à sociedade que mulheres unidas em prol de uma causa coletiva sempre resultará em grandes benefícios para toda a sociedade. Vamos juntas, meninas e mulheres, Vitória da Conquista seguirá com menos injustiça social a partir de agora”.

Com essas palavras, Milena Santos, estudante da Escola Municipal Ridalva Correia de Melo, se dirigiu à prefeita Sheila Lemos durante a cerimônia que marcou o início da distribuição de absorventes às alunas da rede municipal de ensino, na tarde desta quinta-feira (17). “Dignidade menstrual é uma questão de todos, e uma rede municipal de educação que tem uma prefeita que nos olha, que enxerga as nossas reais necessidades, é uma alegria muito grande para todos nós”, completou Milena.

Antes de seu pronunciamento, a prefeita Sheila Lemos abraçou Milena e os outros dois estudantes que também usaram o microfone para falar sobre a ação: Vanderlei Oliveira e Acsa Helena Lima. A gestora parabenizou os alunos pela coragem não apenas de falar em público, mas de quebrar os tabus para falar com naturalidade sobre a dignidade menstrual, tema do Programa Municipal de Distribuição de Absorventes Higiênicos (PDAH).

“Um dia histórico para Vitória da Conquista. Como mulher, muito me orgulho de iniciar hoje a distribuição de absorventes para 13.404 alunas da rede municipal. Foi preciso muita vontade política e união de forças para que este projeto finalmente se concretizasse. Com ele, desejo que também se torne real um mundo um pouco mais justo para as nossas meninas e mulheres”, disse a prefeita.

Com essa iniciativa, Sheila resolve um problema apontado pelo Unicef, que diz que uma em cada quatro meninas no Brasil deixa de ir à escola quando estão menstruadas, por falta de condições financeiras para comprar os absorventes. A estimativa é que, ao longo do ano, as meninas percam 45 dias letivos por conta da pobreza menstrual. Na rede municipal de ensino de Vitória da Conquista, essa realidade acaba de ficar para trás.

O projeto – O secretário municipal de Educação, Edgard Larry, deu mais detalhes sobre o funcionamento do PDAH. “A gente procurou adquirir o material da melhor qualidade, e conseguimos, finalmente, a empresa que proporcionou essa qualidade, e já estamos iniciando a entrega dos absorventes na rede municipal de educação, que irá contemplar mais de 13 mil alunas, de 9 a 50 anos, porque alcança até a Educação de Jovens e Adultos (EJA). E o kit é realmente diferenciado, porque vem com absorvente diurno, noturno e protetor”, explicou.

O PDAH foi instituído pela Lei Municipal nº 2.539/2021, fruto de um projeto de lei proposto pelo vereador Ricardo Babão. “Muitas estudantes deixam de vir à escola por motivo de os pais não terem o recurso para comprar o absorvente. Cresci em uma casa com sete mulheres e passei por isso, presenciando essa dificuldade na época. Mas, hoje, a gente vê a sensibilidade do município, fazendo essas crianças felizes e não as deixando mais faltar aula por esse motivo, graças a Deus”, afirmou.

Uma nova realidade – A diretora da Escola Municipal Ridalva Correia, Italva Maria Aguiar Brito, fez um depoimento emocionante sobre a sua própria experiência com a pobreza menstrual, destacando a alegria de saber que essa não será a mesma realidade das suas alunas. “A gente fica contente pelo olhar da prefeita em relação às nossas meninas, porque a gente, que tá aqui dentro da escola, convive o dia a dia e sabe das dificuldades delas. Em média, custa 10 reais um absorvente, essa é a média. E para essas famílias, que vêm de uma carência muito grande, é inviável, elas não têm acesso”, reiterou.

Mãe de uma estudante da escola, Jaqueline Pereira falou sobre o sentimento de gratidão com a chegada do projeto: “Poder ver que a rede municipal e a prefeita em si estão preocupadas com a gente, estão preocupadas com as meninas e as mulheres, eu só tenho que agradecer.”